Sério mesmo?
Clube de Campo, sexta-feira à tarde. Avaliação médica. Ninguém merece! Afinal, sou uma mulher aposentada em plena menopausa, que nunca fez um exercício físico na vida. Mas eu não entendo por que quando se comenta de aposentadoria todo mundo se acha no direito de falar “ah, que bom, agora você poderá viajar, fazer artesanato, ir para a academia”. Como se viajássemos 365 dias por ano, se artesanato fosse para qualquer um ou se frequentar academia fosse a glória. Mas enfim, vamos lá!
Cheguei ao clube na hora marcada e como ainda não conheço bem o local, me dirigi prontamente à academia. Aproximei-me da sala e, um susto! Havia aproximadamente uns vinte rapazes lá dentro. Jovens, musculosos. Até perdi a respiração. Ah, meus vinte anos... Enfim, percebi na hora que eu estava no lugar errado e o professor me indicou o lugar em que eu deveria ir(será que eu não podia ficar lá espiando só mais um pouquinho?)
Apareci na sala indicada com alguns minutos de atraso e lá já me esperava o professor responsável pela tal avaliação. Respondi negativamente a todas as perguntas sobre pressão alta, diabetes etc. , mas quando questionada se tomava continuamente algum remédio, respondi que sim. “Antidepressivo, claro!” “ Mas você toma antidepressivo por quê?” pergunta com toda a simpatia o professor. “Por quê? Porque eu sou professora há 32 anos! Aposentei de um cargo, mas continuo em outro. Você conhece algum professor que esteja há tanto tempo na profissão e seja são? O mais normal baba...”
Começamos a conversar e ele (não sei por que eles têm essa mania!) quis tirar minhas medidas. Isso realmente é necessário? Eu não posso apenas dizer o que quero? Têm que medir, pesar, ver o quanto de gordura a mais eu tenho? Se é que eu a tenho? Depois da tortura psicológica, veio a tortura física: andar de bicicleta. Hello! Eu nunca faço exercícios e só de andar da academia até a sala de avaliação fiquei morta. Andar de bicicleta? Tá bom, não tem jeito mesmo!
Alguns poucos minutos depois, o professor me pergunta: “está sentindo dor nas pernas?”, “que pernas?” – respondo eu – “ por acaso eu as tenho?”
Terminada a avaliação , eu com os bofes para fora penso: aposentadoria, descanso, lazer... Sério mesmo?