Miçanga, tempo e poesia

Gosto muito de refletir sobre o tempo. Acho que ele é remédio santo, cura tudo, menos canalhice. Adoro o que São Paulo afirmou: - O tempo é o senhor da razão. É uma verdade abissal. Todos os grandes escritores, tanto da literatura quanto das ciências, refletiram sobre the time (adoro em inglês). Todos sabem que ele não pára. Sabemos, até os mais arrogantes e autoritários, donos do mundo e gases nobres, que o fluir do tempo é incessante. Que a vida é medida por ele. Que a vida é finita, as o tempo não. O tmpo permanece para sempre, é infinito, é a meida sem medida. O tempo é imune ao tempo. E priu.

Sempre releio o Eclesiastes: "Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito ebaixo do céu: há tempo de nascer e temo de morrer, tempo de chorare tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e temo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz" (resumi). Só que não podemos fndir a cuca pensando aenas no passar do tempo, melhor é viver sem se preocuar com ele. Estava certo o escritor russo Turgueniev: "O tempo às vezes voa como um pássaro, e às vezes rasteja como um verme, mas as pessoas são ais felizes quando não reparam se o tempo passa ligeiro ou devagar".

Mas são sempre os poetas que melhor definem o tempo e sem nenhum tipo de agonia ou medo, foi o que fez o grande poeta Mário Quintana:

"A vida é um dos deveres que trouxemos para fazer em casa// Quando se vê são seis horas; há tempo.../ Quando se vê, já é sexta-feira... / Quando se vê passaram 60 anos!/ Agora é tarde demais para ser reprovado.../ E se me dessem um dia - uma outra oportunidade,/ eu nem olhava para o relógio/ seguia sempre em frente.../ E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas".

Mas o que me levou a essa divagação sobre o tempo, esta maltraçada sem pé e sem cabeça, foi a palavra miçanga que vi e li num texto do escritor Mia Couto: "A missanga (ele grafa com dis esses), todos a vêem. Ninguém ota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Tambem assim é a voz do poeta: um fio de silêncio coturando o tempo". Arrebentou. Lindo.

Foi aí, juro, que me veio do tempo assado uma imagem arretada:l Clara Nunes com um colar de miçamgas colorido balançando noseu pescoçoecantando: "Raiou, resplandeceu muninou/ Na hora que o canto do galo ecoou/ A flor se abriu...". Chorei. Adorei, adoro e vou adorar Clara Nunes enquan viver. Clara e suas miçangas, sua voz e seu riso. Inté.

P.S. Nada comentar sobre a "intransição". Mas aua coisa pe certa, o tempo passa e é o senhor da razão. Palava de honra.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/12/2018
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