Rola-Bosta de fraque

No sertão, quando alguém é muito chato e metido a importante, se gaba de ser saberôto e importante subestiando e criticando as pessoqs mais humildes, chamam logo, na hora que ne caldo de cana, esse sujeito de amostrado. Mas quando oamostrado persiste nas suas cabriolas e nunda-canascas elitistas, começa a ser apelidado de rola-bosta de fraque. Sim, rola-bosta, aquele tipo de escaravelho que sai rolando um montinho de bosta para esconder no mato.

Há estudiosos, li se não me engano na Superinteressante ou num jornal, que dizem que o rola-bosta é útil porque ajuda a adubar a terra.Deve ser verdade, o inseto tem utilidade. Mas, mesmo assim, o apelido no amostrado espetaculoso é arretado. E quando o pessoa acrescenta a palavra fraque, fica arretadíssimo. O apelido fica à altura do intelectual de marré-marré.

Sou do sertão, entendo a parte meioambiente do inseto, mas spu fiel à filsofia popular e acho que o amostrado merece oapelido, principalmente aqueles rola-bostas de fraque que subestimam, criticam negativamente e tentam humilhar o trabalho dos outros. Em qualquer setor.

Vejam bem, ha quem piche pessoas que gostam de contar o seu cotidiano, mesmo modesto e humilde, contar sua história, recordações, folclore, causos e usose costumes de sua terra. Também confessar suas fraquezas, fracassos, problemas, enfim, pedaçosde suas vidas, inclusive partes felizes. Por que não teriam esse direito de colocar isso em textos? Que crime estão cometendo? Mas os babacas dos rola-bostas de fraque ficam incomodados, e disparam críticas negativas, taxando esses escrevinhadores de semianalfabetos, primários, obscuros, sem conteúodoe o escambau de críticas negativas, fazem isso em escritos que mais parecem libelos, condenações judiciárias, votos do STF, aquele febeaapá prolixo e que se examinar direitinho tem muito a ver com o que o rola-bosta carrega empurrrando para o mato.

Parece que os rolas-bostas de fraque desconhecem as crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, Raquele de Queiroz, Vinicius de Morais, Paulo Mends Campos, João Ubaldo Ribeiro e tantos outros grandes cronistas que escreveram sobre coisas simples do seu cotiidiano, cidade, pessoas. folclore, incusive um deles fez da sua vivência matéria-prima das suas crônicas: Machado de Assis. Se os mais modestos, aprendizes, humildes fazem a mesma coisa sem o brilho desses notáveis nem por isso devem ser ctoticados e dee certa forma humilhados.

Sei não, mas na minha humilde opinião essa reação dos rola-bostas de fraque se deve a uma certa dor de cotovelo, cmo são incapazes da escrita coloquiail, do estilo próprio, de escrever crônica, de usar o humor, a çiada, o folclore, de possuir um estilo que agrada o leitor, eles descambam para oofíciorola-bosta, humilhar quem de certa forma é lido e, às vezes, estimado pelos leitores, até pelos que discordam de suas idéias. Na vida temos que ser humildes, às vezes o escrevianhador não é um intelectual comme il faut mas se comunica, consegue ter um estilo, por que essa raiva contra ele?

Longe de mim ficar desestimulado pela ação dos rola-bostas de fraque. Eles até me estimulam. Sei que estão roendo, juro. Principalmente quando sabem que sou lido por pessoas de gabarito que discordam radicalmente de minhas idéias, mas gostam dos meus causos do sertão e de outras maltraçadas.

Xô, rola-bosta de fraque. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/11/2018
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