Ninguém pode deter a marcha do tempo
Os jornais de hoje noticiam: “morre Stan Lee.” Choram os seus fãs e a mídia dá a notícia como se fosse uma tragédia, como se pudéssemos deter a marcha inexorável do tempo!
Morre um monte de gente todo dia, nem sempre deixando um legado tão maravilhoso quanto o deste gênio da arte. Morre gênios anônimos em vários setores da atividade humana. Morrem os homens, ficam as obras e a alma desses vivem eternamente através delas. O criador deixa parte de seu espírito na criatura. E deste ponto de vista, a morte não é senão um final feliz, uma saída triunfante para aqueles que estão aqui apenas de passagem. Não é diferente para ninguém.
Que triste, no entanto, é morrer em vida, é ter um corpo sem alma. É andar como um zumbi por entre bilhões, sem conseguir tocar ao menos um coração. Sem saber se comunicar, pois a essência somente se comunica à essência.
As pessoas comuns nunca saberão o que é deixar parte de seu ser por onde passem, por aquilo que façam. Nunca saberão a beleza de ser deuses, de dar vida a algo ou a alguém. Seja fazendo algo tão fantástico que por isso mesmo serão lembrados ou por dar vida a alguém, entrando em contato direto com sua essência, alma à alma, fazendo vibrar o som mais recôndito do seu ser através de atos de amor!
Aquele que não buscam seu sonhos, que enterram seus talentos, que, por isso mesmo, não inspiram outros companheiros seus de jornada, nunca terão que se preocupar com sua morte, pois nem mesmo viveram!
A morte, única certeza da vida, não deveria assustar ninguém. Viver mediocremente sim, é estarrecedor. É extremamente preocupante a falta de capacidade de construir relações saudáveis, a insegurança oriunda da falta de compreensão do que se é. A insegurança que faz aquele que a possui, mas que na verdade é escravo dessa, agir como uma fera irracional e sem o menor respeito por si mesmo. E quem não se respeita não poderia respeitar ninguém, não a forma lato.
É assustador e preocupante, deveras preocupante, procurar a beleza lá fora e a felicidade no outro. Não saber enxergar que a vida física é efêmera e que há uma grande beleza nisso. Há beleza em viver a vida como ela é, sem desespero por ela ter sua própria marcha. O tempo passa, meu caro, democraticamente! Passa para todos. Desfrutar ou deixar ir é uma escolha sua, é uma escolha de cada um.
Viva a vida, com ousadia, intensidade e respeito por si mesmo, pelo que é ! E amar e respeitar a tudo e a todos será uma consequência natural. E a morte física não será um fantasma, não o causará pavor.