LUCIO CARDOSO, UM BELO POETA
Tenho a nova edição das obras completas do escritor/poeta Lúcio Cardoso, o qual possui a contracapa, em capa dura, a foto do autor. Mas tenho que confessar: a editora caprichou.
É uma bela foto. Em preto e branco, destaca os cabelos sem um fio fora do lugar, bem como os olhos claros do poeta, em sua juventude. O complemento pode ser destacado o terno que usa.
Bom, até aí, tudo normal.
O fato curioso é que a senhora que trabalha aqui em casa, desde que coloquei o livro na minha estante, o virarava exatamente de modo que a contracapa ficasse à vista.
Certo.
E eu o desvirava. Afinal de contas, contracapa não é capa!
Porém, hoje à noite, ao ver mais uma vez a insistente troca de lugar do livro, resolvi deixa-lo do jeito que ela queria que ficasse.
Minha esposa ainda disse:
-Vai ver que ela pensa que a parte da foto é a capa.
Não respondi. Apenas sorri.
Não acho que seja isso. Acho que o motivo é que a senhora admira essa bela foto.
De alguma maneira ela entende que deva ser assim.
Contracapa virada. A bela foto como um porta retrato. Um livro-porta-retrato.
Avistando-o de meu sofá, acho que ela tem razão. Fica melhor assim.
Refletindo um pouco, considerei o fato de não só as pessoas terem pontos de vistas diferentes, mas os expressam em ações. E, diante disso, muitas vezes, melhor acatá-los. Assim, talvez devamos considerá-los, simplesmente, e deixar o gosto de cada um ser atendido.
Senão assim como a contracapa continuará sendo capa por tantas e tantas vezes, assim será cada área da vida que insistirmos defender nosso ponto de vista.
Melhor deixar do jeito que está.
Enfim, o que situações assim podem alterar "a roda da humanidade"?