"Nem Eu"

Sou fissurado nas músicas de Dorival Caymmi. Elas possuem uma pegada arretada: o dengo, o chamego, um cafuné gostoso, um gosto de vatapá, um vadiar de amor danado de bom. Do amor à-vontade, sem protocolo, sem chatice, sem etiquetas, sem paletó e gravata, sem frescura nenhuma.

Uma das músicas dele que mais gosto de ouvir é "Nem Eu", e se for cantada por Gal, eu me derreto. Fica linda demais, arrebenta a boca do meu balãozinho. Que me desculpe Nana, mas Gal se sai melhor nessa músic do seu pai. Fico em êxtase quando ela canta: "não fazes favor nenhum/ em gostar de alguém/ Nem eu, nem eu, nem eu/ Quem inventou o amor/ não fui eu/não fui eu, não fui eu/ Não fui e nem ninguém// O amor acontece na vida/ Estavas desprevenida/ E por acaso eu também/ E como o amor é importante querida/ Da nosa vida a vida/ Fez um brinquedo também".

Lindissimo esse samba. Mas além da gente sentir dengo, a malemolência, o cafuné, há uma verdade abissal: o amor acontece, ele não nasce, não se fabrica, não se encomenda, eleacontece na vida, simples assim. E priu.

Nada é mais imortante na vida que o grande amor. Não há dois, nem três... Só há um. Pode-se até viver vários, mas o grande amor, este, só acontece uma vez.

Tudo bem, há quem discorde, respeito. Mas lembro, na defesa do único grande amor, o que disse Balzac:

"É tão absurdo dizer que um homem nao pode amar a mesma mulhe toda vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma musica".

"Quem inventou o amor nao fui eu...". Viva Caymmi. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/11/2018
Código do texto: T6500291
Classificação de conteúdo: seguro