A VISITA
Hoje visitei minha mãe e meu irmão.
De repente, como há uns oito meses ele não fazia, ele me chamou.
-Xandi!!!
-Diga!
-Venha aqui. Descobri uma coisa.
E ele me mostrou mais um dos seus segredos que descobrira para melhorar suas composições musicais.
Há anos que ele compõe. Atualmente, anda em projetos mil e te garanto, são muito bons. São músicas bem trabalhadas, letras maravilhosas, virtuosas, o que é coisa rara nesse Brasil dominado pelo entulho.
Meu irmão é realmente um grande exemplo.
Porém, o que ele faz é algo simples.
Descobre segredos.
Segredos ocultos, que custariam milhares de reais se ele fosse aprender com algum professor.
Aqui no Brasil é assim. Salvo raríssimas (e excelentes exceções) tudo é cobrado. E muito bem cobrado. Não existe aquela coisa de ajudar o outro por querer que se desenvolva e etc.
De certo modo, até é de se entender. Tudo é difícil aqui.
Eu também, trabalho duro como funcionário público e, ainda procuro arranjar tempo para ler e escrever.
Mas, consegui aprender algumas coisinhas. Alguns segredinhos.
Talvez não cobre por eles porque tenho minha renda. E isso é bom.
Já há tantas pedras no caminho, para que eu colocaria mais algumas?
Então, o meu segredo?
Eu amo o que faço e me dedico. E, no caminho da busca, entro em rotas diferentes, sempre.
Tudo o que aprendi, praticamente veio do instinto mesmo. Vem de um poder criacional imanente, divino mesmo.
Aqui, nesse plano se demonstra como o Verbo Divino. As palavras vão aparecendo, se juntando, buscando o sentido, como na música, uma nota se ligando à outra, harmonizando, unificando-se, o que se chama nas artes liberais de Uno.
Meu irmão descobre coisas e me fez buscar o mesmo. Amar o que eu faço sem esperar nada em troca, tão-somente a satisfação de quem contempla o que escrevemos ou compomos, que sempre vem como verdade e bondade (e, espero, também com beleza).
Obrigado, irmãozinho!