Coerência não se exige

Sou um homem de certa fora feliz. Não, não me refiro às finanças, saúde ou posição social. Também nao me refiro ao amor (neste departamento juro que sou totalmente feliz), mas porue, graças a Deus, possuo uma maneira de ser que me livra de certos constrangimentos, como o vivido por um amigo que é militante político e segue linha partidária. Ele me confessou que estava muito triste porque foi chamado às falas por dirigentes políticos, pediram-lhe coerência e mais dedicação à militância.O cara estava muito abalado. Tive que utilizar o tratamento de choque: uma esculhambação em regra e uma ameaça, se suoubesse que ele fora outra vez alvo dessa humilhação deixavade falar com ele porque não falo com quem não tem personalidade própria e dse deixacriticar e humilhar por uns bostas, covardes, mofinos e sem nennuma autoridade para chamar à atenação sequerde um garoto ou garota da Laureta. Se há algo que me irrita é essa lavagem de roupa suja, qando alguns bostas resolvem transferir sua culpa para bodes expiatórios, otários, manés. Não, nunca me pediram coerência e nem me fizeram qualquer admoestação. Pelo contrário: sempre sou eu quem diz que a maior parte da esquerda é bundona. Digo e provo. Noventa e cinco por cento no mínimo desses dirigentes são mofinos, na primeira prensa correm com os pés batendo na bunda. Nao, não conheço os cinco por cento, é minha margem de erro. Deve ficar nos dois por cento, no máximo, para baixo.

Até concordo, pasmem, com uma tirada de Nelson Rodrigues: "Toda coerência aé, no minio, suspeita". E a ironia de Oscar Wilse: "A coerência é a virtude dos imbecis". Mas o que acho arretado mesmo é uma reflexão de Clarice Lispector:

"Nao me venha falar de razão. Não me cobre lógica. Não me peça coerência que sou pura emoção. Tenho minhas razões e motivos próprios. Sou movida pea paixão. Essa é minha religião e minha ciência. Não meça meus sentimentos. Não tente compará-los a nada. Deles sei eu. Eu e meus fantasmas. Eu e meus medos. Eu e minha alma...".

Grande Clarice.. Inté.