Drummond e o medo

Nada como ler os poetas, principalmente num momento que muita gente está com medo, alguns até disseram isso antes das eleições, caso do ex-ministro Joaquim Barbosa. Medo que estáse instalando, ms medo que precissamos combater. Talvez dentro em breve, além de Paulo Freire, outro grande nome das nossas letras, também seja vetado pelos adeptos da escola sem política e sem permitir que se discuta idéias. Falo de Drummond. Vou divulgar um poema dele que, com certeza, será cassado dos currículos da "educação" do fuuro governo:

Congresso Internacional do medo

Carlos Drummond de Andrade

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza sos abraços,

não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso conselheiro.

O medo dos grandes sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo d depois da morte,

depois morreremos de mdo

e sobre nossos túmulos nascerãoflores amarelas e medrosas.

P.S. Os poetas, como dizia Pound, são mesmo as antenas da raça. Leiam e releiam esse poema maravilhoso. Acho algo estranho: os autoritários e os capachos dos autoritários nunca recorrem aos poetas. Por que será? Deve ser porur os poetas não cantam a supressão da liberdade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 05/11/2018
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