microcrônica-DIA DE FINADOS
Que dia mais esquisito esse. Seria dia de orações a falecidos? Agradecimentos? Lembranças?
Numa sociedade de reconceituações talvez eu fique com esse antigo conceito mesmo. Talvez devamos respeitar um dia como esses e seus significados mais comuns criados pelos nossos antepassados (mortos), não é?
Nessa ânsia de ressignificar (já falaram em até ressignificar o dia dos país ou das mães, porque politicamente incorretos, segundo os "grandes especialistas" do comportamento humano), talvez esse tipo de dia, por ser "o dos mortos", represente algum temor nessa gente. Como uma espécie de aparição na madrugada para puxar o pé do ressignificador, que tal?
O fato é que ainda permanecem de pé aqueles três significados possíveis do dia de finados, de forma mais óbvia, mais popular, sem contar seu sentido religioso ao qual remeto o leitor uma breve pesquisa em sites de busca.
E creio que devamos nos lembrar sim daqueles que se foram. Mas, o mais importante, o que está latente nesse dia de finados é a mensagem oculta que parece não ter sido (ousamente) resignificada: a morte existe e irá tornar cada um de nós tão-somente uma lembrança na mente de cada um.
De uma coisa tenho certeza: que essa lembrança que eu deixe, seja em meus textos, seja em minha vida vocacional, seja nas pessoas mais próximas ou não de mim, íntimas (seja leitores ou meus familiares) ou que me odeiem, seja uma lembrança de alguém que falou, com o coração, do coração.
Refletindo no dia dos finados é isso que me restou.
Dessa morte toda, brotou vida de minhas palavras, nessas poucas palavras de homenagem às pessoas que nos deixaram ou naquelas que, vivas mas despertas (não semiparalizadas ou paralisadas como diria Clarice Lispector) um dia, serão lembrança da humanidade.