Wind of Change, Scorpions.
Cidade grande, horário de almoço, as pessoas trombando suas pressas pelas calçadas e esquinas, e eu esperando o sinal fechar para cruzar a rua. E de repente, do meio da civilizada algazarra de motores, buzinas, converseiros e de um esganiçado vendedor berrando promoções, nasce uma melodia.
Passando às minhas costas, alguém assobia, com técnica invejável e gosto oitentista, Wind of Change, do Scorpions.
É um senhor duns 60 anos. Traz uma boina estilo taxista de novela e uma barriga simpaticamente saliente. No meio da muvuca e do caos do rush de almoço, ele passeia lentamente pela calçada e assobia que o futuro está no ar e que é possível escutá-lo.
Ele passa por mim, dobra à esquerda, é desviado por muitas das pressas surdas. Continua assobiando.
A massa se movimenta, me acorda, e eu sigo junto, pois faço parte da obra e da pressa. Mas, agora, cantarolando, e tentando ouvir o que vai no ar.