Moralismo Gambiarra

Conheci um dos maiores e mehores professores do estado de Pernambuco, o saudiso Professor Potiguar Matos, filho da minha segunda pátria, Pesqueira. Foi ele quem me deu o apelido de D'Artagnan (com o danado do apóstrofo). Na verdade meu nome é William (detesto). Esse professor foi Reitor de uma das maiores Universidades de Pernambuco, era tambem jornalista e editorialista do Diário de Pernambuco, fazia editorial poético. Juro. Grande poeta e historiador, foi também um cronista arretado. Um dos melhores de Pernambuco. Um dos livros dele, "Ventos de Agosto", é um dos meus livros de cabeceira. O professor Potiguar detestava o falso moralismo, os justiceiros, o moralismo gamabiarra. Uma das crõnicas desse livro que gosto mais é "Bula Moralizante". Em homenagem a ele e porque trata de algo atual, vou transcrever um trecho dessa crônica:

"... Teria que haver reações. O terrível é que a mais ruidosa delas é a contradição de um erro com outro erro. Leva-nos ao universo da mais repugnante perversão ética, aquela que usa o combate aos excessos por um excesso pior, o do moralismo a serviço de interesses grupais, preconceitos odiosos, intolerância primária, fanatismos de múltiplas espécies, desde o político até o religioso.

"Se a História tivesse leis, poder-se-ia, talvez, imaginar que ela transcorre puxada or dois centros de gravitação imperdoáveis, um que a leva para o futuro, esmagando preconceitos e sepultando tabus; outro, que a chumba `s potestades do passado, os deuses priitivos e ferozes que se alimentam mais do que da carne do homem, do seu espírito feito para o vôo e o sol.

"Pode-se sentir no Brasil um desvairamento desse reacionarimo. Em nome de principos morais que afirmam defender, grupos raivosos e privilegiados procuram empurrar o País para tempos, definitivamente, mortos. Confundem, maliciosamente, o que é libertação e progresso no processo de transformação com os excessos e abusos que dele se aproveitam, para de uma cajadada só, matarem os dois, o excesso e o progresso.

"No fundo, uma minoria hábil e engordada de privilégios utiliza uma causa, sem dúvida nobre, para defender suas adiposidades senhoriais, espoliativas. sem nenhuma preocupação realmente ética. Só comprometida com os seus interesses de dominação. Não me proponho distribuir etiquetas. Nem subestimar a inteligência do leitor paciente. É só olhar o País e ouvir o que tantos falam".

Reflitam sobre sobre a moralismo gambiarra. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/10/2018
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