Bom-dia, primavera

Ontem antes de ir para o maravilhoso movimento ds mulheres contra o fascismo, uma amiga minha me visitou e me deu uma cópia de uma crônica escrita em 82, pelo grande professor Potiguar Matos, pesqueirense e um dos maiores e melhores professores pernambucanos de todos os tempos. Uma crônica que acho maravilhosa porque é um hino de fé, ternura e repúdio aos que não acreditam na primavera, aqueles que defendem os violentos e fascistas, e se apresentam como professores da ética e, na realidade, são apenas presunsosos, chatos, pedantes, arrogantes e defensores de fascistas que ameaçam e ofendem mulheres. E induzem à violência. E defendem a volta da ditadura. Eis a crõnica do saudoso Professor Potiguar Matos:

Bom dia, Primavera

Potiguar Matos

"Sabíamos que haveria de chegar. Certo que houve momentos de desânimos e duvida. O céu se empertigava em crispaçõesde força. Derramava águas violentas sobre nossa face. O inverno parecia se eternizar, com seus duendes, seus gnomos, seu triste baile de máscaras, onde os espantalhosda onipotência dançavam minuetos de serafins.

"Entretanto, impressentida, caminhavas devagar, morena primavera, noiva do sol, ventre quente da terra gerando o milagre do fruto, da folha, da rosa.aminhavas, calçando veludo. sobre as nossas dores, a mortal desesperança fincada no pieito, a pua perfurante e cruel roendo o coração, já gasto e cansado.

"Perdoa-nos , os que não tem creram. Os que julgaram tuo perdido, os que esquecerm os velhos ritos da liberdade, a cabeça afogada no ceticismo, os olhos cegos, as mãos vazias. Tu pisavas, lentae grave, pelas geografias dnfinito, ers, ao mesmo tempo, a luz no espaço, o verde da montanha, a onda do mar, o sonho da paz e da justiça pousando em nossas faces.

"Que bom de ver acariciar a face das crianças sozinhas, perdidas pelas ruas minerais e álgidas do nosso egoísmo; te ver nos campos libertos paraa fome do homem; te ver, primavera, numa ciranda azul de fraternidade, os cabelos multicoloridos, dessarrumados de amor, envolvendo a mulher amada como algas de ouro...

"Te necessitávamos, primavera, Deus sabe como! Está tudo muito triste e muito ruim. Tudo é muita mentira, engodo, desfaçatez. Sabes? Te caricaturaram, veste tua roupa, pintam-se de tuas cores, põem teu charme nos sorrisos e até se atrevem a imitar tuas canções, as livres e belas cançõesque só tu sabes, primaera, filhado espírito, hálitode Deus...

"Aprendemos, agora, que nao nos traíste. Que amsis nos renegaste ou de ti nos alijaste, ferida pelo encanto de novas paixões.Outros foram os traidores, pensaram te encadear, meter grossas correntes em teus pulsos, uma pesada gargalheira no pescoço,bolas de ferro nos pés ligeiros.Pensaram te matar, primaver, que eles matam e matam bem , em Treblika,em Chatila, qalquer porão escuro... Idiotas que somos, não víamos que as balas nao tefuravam o corpo, os açoites cruéis nao marcavam asasas amplase belas, abertas para o vôoe a vida. Muitos nao te verão, primavera, disso me queixo. Dormem anônimos e terras isteriosas. Demoraste para eles, primavera, demorastes. Dáque tua mão acaricie u pouco o chão onde deitam. Dá que haa rosase pássaros sobre esses segredos medonhos.

"Chegaste, primavera. Ainda chove e, ainda, ha nuvens negras. Há donos muoo poderosos, tão poderosos que pensa ferrar o mundo, colocar na face dele, em letras de fogo, 'mundo, você é meu". Não estão vendo teu pé dançarino. Estão mais cegos do que nós. Tu bailas e cantas e elesnao percebem. Mas nos percebemos. Bem no silêncio do coraçãoe na glória do espaço, nos pecebemos o rumor do teu passo".

Reflitam sobre teste texto magnífico. scrito por um professor que vibrava com a lierdade, detestava a apologia à violência e era um Combatente da Liberdade e da Democracia. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 30/09/2018
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