L i b e r t é

Precisamos distinguir a raiva, o rancor e o ódio, sentimentos negativos, da indignação, ação democrática e libertadora.

Ela é a porta-voz do civismo e da repulsa aos arroubos da tirania, ontem e hoje.

A indignação é a base dos ideais de liberdade, igualdade, fraternidade, justiça social e, claro, democracia. Um democrata não pode deixar de se indignar anteas cabriolas, arreganhos, ensaios e ações dos antidemocratas visam tão somente implodir o regime democrático .

No momento em que ameaçam publicamente as conquistas constitucionais, os direitos adquiridos, em que insinuam que os indios e os negros são indolentes, que os filhos de mães que não tiveram ajuda de pais, se tornam desajustados, que os africanos são uns mulamentose se chega ao cúmulo de questionar até o décimo-terceiro salário dos trabalhadores, lém de toda uma postura e defesa de atos que vão de encontro aos direitos huanos, se fazeno a apologia do fim da democracia e da absuluta sumissão ao capitalismo internacional, cumpre a quem é democrata, idependente de partidarismo ou ideologia, se indignar. Urgente. Épreciso fazr isso para se evitar o pior porque estão chocando o ovo da serpente, ou seja, querendo instalar um regime autoritário de viés fascista.

A defesa da Liberdade é prioritária.Ela é a nossa arma contra os arroubos autoritáros e seus planos de desestabilizar a democracia. Por isso é preciso, mais que nunca, cantar a Liberdade. Há um poema de Paul Elouard, traduzido por dois dos maiores poetas brasileiros, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, "Liberté" (Liberdade) que merece ser objeto da nossa reflexão. Vou transcrevê-lo:

"Nos meus cadernos de escola/ Nesta carteira nas árvores/ Nas areias e na neve/ Escrevo o teu nome// Em toda página lida/ Em toda página branca/ Pedra sangue papel cinza/ Escrevo o teu nome// Nas imagens redouradas/ Na armadura dos guerreiros/E na coroa dos reis/ Escrevo teu nome// Nas jungles e no deserto/ Nos ninhosenas giestas/No céuda minha infância/ Escrevo teu nome// Nas maravilhas das noites/ No pão branco de cada dia/ Nas estações enlaçadas/Escrevo o teu nome// Nos meus farrapos de azul/ No tanque sol que mofou/ No lago lua vivendo/Escrevo o teu nome// Naqs campinas do horizonte/ Na asas dos passarinhos/ E no moinho das sombras/ Escrevo o teu nome// Em cada sopro da aurora/ Na água do mar nos navios/ Na serrania demente/ Escrevo o teu nome// Até nas espumas das nuvens/ No suor das tempestades/ Na chuva insípida e espessa/ Escrevo oteu nome// Nas formas resplandescentes/ Nos sisnos das sete cores/ E na física verdade/ Escrevo o teu nome// Nas veredas acordadas/ E nos caminhos abertos/Nas praças que regurgitam/ Escrevo o teu nome// Na lâmpada que se acende/ Na lâmpada que se apaga/ Em minhas casas reunidas/ Escrevo o teu nome// No fruto partidoem dois/ de meu espelhoe meu quarto/ na cama concha vazia/ Escrevo o teu nome// Em meu cão guloso e meigo/ Em suas orelhas fitas/ Em sua pata canhestra/ Escrevo o teu nome// No trmpolim desta porta/ nOs objetos familiares/ Na língua do fogo puro/ Escrevo o teu nome// Em toda care possuída/ Na fronte dos meus amigos/ E cada mão que se estende/ Escrevo o teu nome// Na vidraça das surpresas/ Ns lábios que estão atentos/ Bem acima do silêncio/ Escrevo o teu nome// E meus refúgios destruídos/ E meus faróis desabados/ Nas paredes do meu tédio/Escrevo o teu nome// Na ausênciasem mais desejs/ Na solidão despojada/ E nas escadas da morte/ Escrevo o teu nome// Na saúde recobrada/ No perigo dissipado/ Na esperança sem memórias/ Escrevo o teu nome// Eao poder de uma palavra/ Recomeço minha vida/ Nasci para te conhecer/ E te chamar/ Liberdade".

Belíssimo o poema, verdadeiro, que nos faz refletir e valorizar a ndignação cívica e lutar pela liberdade. Viva a liberdade. Amém. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/09/2018
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