Mudanças de casa

Sempre tive prejuízos com mudanças de casa. Não prejuízo financeiro. Não, não perdi nada que valesse dinheiro em espécie, mas coisas cujo valor era estimativo: livros antigos, discos, fotografias, recortes de jornais e revistas, chaveiros, canecas, flâmulas, times de botões, coisinhas que ninguem a nao ser eu dava importância. Coisinhas que só incorporei um valor intrínseco, sentimento. Sempre transformei meus cacarecos em bens de estimação.

Dia desses, a conselho médico (conselho que me pareceu intimação e ordem) tive que me desfazerde outros bens de estimação,até de pastas com escritos.O médico afirmou que isso era fundamentalpara aminha saúde. Mas doeu paca, os discos meus irmãos gravaram todos em pendrive. Apenas consegui esconder dois cadernos escolares com anotações e uns manuscritos, uns romances inéditos que escrevi e nunca vou publicar. Estes estão num apartamento de minha filha. Sempre vou lá vè-los de longe, tenho medo que elase desfaça deles.

Com essa medida, alé do que perdi nas mudanças de casa fiquei carente de guardados. As fotos algumas estão na maquininha de outra filha. Mas as que perdi nas mudanças nunca vou reaver, ficaram apenas na minha mente e coração.

Detesto mundanças de casa. Só em Pesqueira mudei de casa cinco vezes e ua aqui no Recife.Mas meu entorno familiar nem liga, cama meus trecos de velharia que só prejudica a saúde. Tem mais, quando ha mudanças de casa ficam até anaimados, enquanto eu fico em pânico. Destesto, repito, mudanças. Não sóde casa.Sou conservador. Homem de hábitos, apegado a seu mundinho.

Felizmente nãoestpou sónessa aversão à mudança de casas. Machado de Assis tambpe não gostava, Vejam o que ele afirmou sobre esse troço chato:

"Eu guardei um exemplar da folha para acudir às minhas melancolias, mas perdi-o numa das mudanças de casa. Oh!, não mudeis de casa! Mudai de roupa, mudai de fortuna, de amigos, de opinião, de empregados, mudi de tudo, mas não mudai de casa!".

Estou emboa companhia. Detesto mudanças. Inté.