Amigo de rua
Querido é o vizinho que conheci em uma dessas tardes esquecíveis, sentado em uma de suas calçadas aqui da rua. Olhou para mim e eu, claro, não resisti e fui cumprimentá-lo. Empolgação era tanta, de ambas as partes, que fiquei mais um pouco e perdi o horário. Quem liga, afinal?! Eu havia ganhado um amigo e para nós, todo tempo do mundo.
Ás vezes me pego indo pelo pior caminho só porque ele está lá me olhando de longe e me esperando para receber carinho. Ás vezes é ele que vem, sem que eu precise gritar: “CADÊ O MENINO MAIS LINDO?”, nessas sou eu que recebo o afago. Brincalhão, ele late, pula, lambe, deixa quase sempre suas marcas em minhas roupas como se quisesse que eu mostrasse para todos o quão divertida foi aquela nossa tarde. Confesso não ser uma amiga tão boa quanto, pois tem dias que o confundo com o outro vizinho, embora este outro não dê a mínima pra mim e quando olho para outro lado lá está meu amigo sacudindo o rabinho e já me perdoando de imediato, portando uma cara de “eu tô aqui sua retardada, vem logo brincar!”
A menina da rua disse que seu nome é Lobo; A mulher disse que é Branco, já eu não faço ideia e para mim não importa, pois ele atende por qualquer nome se acompanhado de um gracejo. Pequeno, Menino, Baby, ou qualquer outro que invento na hora, acho que para ele não importa também, na verdade penso que o bonito curte mesmo é meu improviso.
Meu bom amigo de quatro patas e olhos cor de caramelo, só quero dizer que diferentemente dessa bala, os seus nunca são enjoativos, embora, para mim, sejam mais doces.
Querido é o amigo que fiz em uma dessas tardes, agora, inesquecíveis...