Mô, me faz dengo...

Ainda pensei em comentar a pesquisa da Vox Populi que deu Haddad em primeiro lugar com 22%, Bolsonaro em segundo com 18%..., mas aí pensei que tinha um assunto prioritário para mim porque faz parte do meu passado, e foi avivado hoje por alguém de Arcoverde, então troquei a poítica pela memória do meu saudoso amigo Tonhão Violeiro.

Sempre fui amigo dos boêmios, principalmente dos que eram bons na música. Como nunca tive talento musical, sou um zero em música, até assoviando sou desafinado, gostava de admirar otalento dos outros.E participavade serentas, serestas e rodas de música em botecos. Não tocava e nem cantava, não fazia nem o larará, mas ouvia e tomava todas.

Um dos amigos que tocava e cantava era Tonhão Violeiro, um cara arretado, amigo, tinha a mesma instrução minha, só fizemos o curso ginasial, mas ele foi melhor aluno do que eu,menos relapso, mas da turma que não colocava o estudo como prioridade. Ele trabalhou muito tempo em escritóriode contabilidae, era bom nisso. Mas bom mesmo era na música, seresta sem ele não prestava. Era casado com ua morena muito bonita, alegre, cozinheira de mão cheia e professora. Eram arriados um pelo outro, mesmo ele sendo boêmio contumaz. Ela confiava nele, sabia que podia confiar. Nunca vi osueito se engraçar por ninguém.

Pois bem, um dia ele me convidou para comer uma galinha cabidela na sua casa. Fui, toamsos uma meiota de cachaça e umas cervejas e comenos a cabidela. Mas durante o "esquente" , as lapadas com o caldinho de feijão de tira-gosto, a mulher dele, muito risonha perguntou ao marido: - Mô, por que você não canta pra ele a música que fez pra mim? Ele riu, balançou a cabeça meio chateado, parece que a música era apenas para os dois, mas asimesmo pegou o violão cantou. Fiquei fascinado pelo sambinha, algo bem humorado e muito parecido com o amor deles. Vou transcrever a letra,nunca esqueci, faz mais de 40 anos:

Vadiando

Tonhão Violeiro

"Mô, me faz um dengo/ Tô carente, tu sabe, muié/ Aprica logo um cafuné/ Tô ganindo por um chamego// Acaba logo cum esses troços/ Deixa tudo pra adepois/ Vem pra baixo dos lençóis// Vem, vamo vadiá/ Isso é o que interessa/ Com muito riso e pouco siso/ Botando as mão na cabeça/ Pro mode num perder o juízo// Mô , me faz um dengo...".

Era assim que osdois falavam, errado,a linguagem do dengo e do amor. Partiram ha algum tempo, estão vadiando no Paraíso. Nunca esqueci a letra, mas como sou ruim em música esqueci a melodia~, mas era arretada, um sambinha nos trinques. Saudade. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/09/2018
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