CONVERSA DE MENTIROSO
Jonas, que segundo ele próprio já fora excelente caçador e notável pescador, morava na beira da praia de uma pequena aldeia de pescadores. Suas historias todas recheadas de exageros, já corria mundo e quase sempre seu rancho era visitado por turistas curiosos por ouvi-las.
Certo dia, um grupo de estudantes de engenharia de pesca por conta de uma aula prática, visitavam o local e aproveitaram uma pequena folga nas obrigações e foram até a casa do Jonas lhe pedir que contasse uma boa história. Orgulhoso Jonas perguntou:
- De pescador ou de caçador?
- Tanto faz – responderam os estudantes.
- Pois bem! - começou Jonas. – Um dia eu fui pescar com dois compadres meus. Era um dia chuvoso, trovejava bastante, o barco balançava mais que peito de mulher sambada. Nós até já pensávamos em retornar a praia quando de repente um bicho enorme visgou a isca do anzol do compadre Mané. O nylon era bastante forte e nós três começamos a tentar arrastar a fera. Nós puxávamos de cá, ela, ou melhor, ele, um tubarão com quase cinco metros, puxava de lá. Foi uma luta quase sem fim.
Neste exato momento da narração, dona Inez, mulher do Jonas, grita por ele:
- Jonas meu bem! Corre aqui depressa! Ele pediu licença aos visitantes e foi atender sua mulher. De volta, depois de sentar-se, Jonas perguntou para a moçada:
- Onde foi mesmo que eu fiquei?
- No momento em que a onça ia lhe pegar! Responderam maliciosamente os estudantes.
- Pois é – recomeçou Jonas. – A bicha pulou em riba de mim, eu sartei de banda, segurei pelo rabo da danada, joguei ela em cima de um pé de mato grande, dispois acabei de matá-la a tapas, tirei seu coro e vendi a carne na feira!