L a m p e j o

Como dizia minha avó materna, sempre que queríamos fazer alguma armação, é melhor comer o angu pelas beiradas para não queimar a língua. Assim vou na contracorrente tratando de assuntos mais maneiros e que sem dúvida não têm interesse para as colocações iradas e nervosas dos dois lados da política, mesmo que não agrade vou comendo meu angu pelas beiradas.

Há quem prefira apenas falar em vocação, alguns optam por criatividade e há até a turma que defende Miss inspiração. Não discuto, todos devem ter as suas razões. Mas, na minha humilde e reles opinião, a vocação é seletiva paca, a criatividade seria o desenvolvimento dela e a inspiração é algo que não se explica, algo sazonal, talvez um privilégio dos vocacionados para as artes.

Assim, a maioria fica dependendo apenas da famosa transpiração, ou seja, do esforço, fporça de vontade e, de vez em quando, todos somos filhos de Deus, de uma pitada de lampejo. Lampejo, simples assim, mas algo muito difícil de pintar no nosso pedaço.

Que é o lampejo? Sei lá, Mangueira, não sei. Acho que são palpites que de repente, não mais que de repente, irrompem na nossa mente, sussurros nos nossos ouvidos, até sonhos. Parece até, como dizia um amigo meu, uma cortesia vinda de cima, de uma força estranha, mas ua dica muito valiosa. Nunca se deve rejeitar o lampejo. Nunca.

Creio que todos nós, mesmo os como é o meu caso, os medianos, limitados, comuns, somos brindados de vez em quando com a ajuda do lampejo. Quando ele pinta é preciso aproveitá-lo e dar graças a Deus por esse privilégio. E ficar torcendo para que ele volte. Volte sempre. Vva o lampejo. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/09/2018
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