E por falar em saudade....

O homem adentrou no bar, sentou, estava sozinho, pediu um uísque e ficou divagando, como se estivesse se dirigindo à amada ausente. Enquanto começava a conversa imaginária, rolava no som um bolerão cantado por Nana Caymmi. Ele dizia de si para consigo mesmo fazendo de conta que falava ao seu ex-amor:

- Ah, querida, e por falar em saudade onde, onde, onde andara você? Em que lugar andarão os teus olhos de cigana oblíqua e dissimulada, os teus olhos de ressaca que nem os de Capitu? Olhos que hoe, infelizmente, não vejo? Mais: onde foi parar aquele corpo, amor, que me deixava moído, um molambo, mortinho de tanto vadiare de tanto prazer?

- A, meu amor, e por falar e beleza, onde, onde, onde, foi parar aquela canção que a gente tanto ouvia na noite e nos bares naquela época inesquecível? Sim, também nos locais onde a gente costumava ficar e, claro, fazendo amor em total solidão, remember?

- E, amor, eis que hoje eu saiona noite vazia e triste, nua boemia se sentido e que nada me acrescenta, amargando o tédio e arotina desses bares que apesar dos pesares, ainda me lembram você.

Tomou ais uma doze, mais outra e outra, e continuou a latromia, ruminando consigo mesmo, mas como se estivesse conversndo e reclamandoda amada:

- Ah, meu grande amor, como posso não falar de paixao, se a paixão é ainda o motivo do meu viver? Você, querida, bem que poderia reaparecer, de surpresa, de repente, inopidamente, coo se nada houvesse acontecido, como se fosse a coisa mais natural do mundo, pintando nesses pedaços, nos mesmos lugares, nos mesmos bares e voltando junto comigoaviver o nosso grande amor.

Saiu meio bêbado, triste mas cantarrolando um bolero: "E por falar em saudade; onde anda você...". Nada como curtir e roer um ex-amor, aquele que a gente não esquece. Juro que conheço um caso desses. O sujeito nunca vai esquecer aquela que foi seu grande amor. Inté.

P.S. Conheço um caso muito parecido. E amo essa música de Viícus e Hermano Silva, principalmente na voz de Maria Creusa.