E veja a que ponto chegamos!
Hoje, por acaso, eu estava à janela do meu apertado quarto de apartamento. Observava a neblina que saía da mata do morro logo adiante. Então, algo menos belo me fez desviar o olhar: na horta da escola ao lado, uma mulher apanhava sem reverência alguma, um punhado de folhas de certa planta. Puxava, arrancava, quebrava galhos desnecessariamente... parecia um animal furioso querendo se vingar do pobre vegetal. E o pior é que muitas folhas ficaram caídas(desperdiçadas) no chão... essas folhas seriam utilizadas na refeição. E nenhuma reverência, nenhum carinho, nenhum respeito, nenhuma ligação...
É estranho ver como os humanos, especialmente as mulheres, se afastaram da natureza... Houve um tempo em que as pessoas se sabiam ligadas ao ambiente em que viviam e aos outros seres viventes... As coisas e os outros seres não nos pertenciam, mas nós e eles pertencíamos ao Todo... um sabia que dependia dos outros. Nesse tempo, observando a natureza, as mulheres criaram e desenvolveram a agricultura. E havia reverência e respeito por tudo aquilo que se colhia da terra. E as mulheres conheciam melhor os benefícios das ervas... benefícios esquecidos que hoje tentamos desvendar gastando bilhões em laboratórios fechados!
E veja a que ponto chegamos! Senhores da tecnologia, esquecemos todos os dias de respeitar aquilo que realmente nos é indispensável: o nosso alimento, o nosso chão, a nossa paz perdida entre estresse e depressão, entre barulho e entulho... deixamos de reverenciar o que é natural para reverenciar o artificial, esquecendo que sem o natural não teríamos vivido para construir o artificial (e aqui quero deixar claro que não sou contra o artificial... mas “meu coração é grande” e cabe os dois... posso gostar do artificial sem odiar o natural, sem esquecer minhas raízes). As pessoas se vêem como algo separado do universo... pior: como donas do universo, donas de tudo. E as mulheres não se entendem mais com a terra nem consigo mesmas. E o mundo acha que vai levando...