Texto arretado

Cada leitor tem sua preferência por determinados textos. É algo absolutamente natural. Eu tenho minhas preferências. Não só por romances, contos, poemas, ivros em geral, mas também por textos que leio nos jornais e revistas, nao raro fico fascinado e espantado por determinado texto que encontro num jornal antigo, revista nas salas de espera de dentistas e médicos... Deve ser porque sou um velho caduco. Admito. Tem mais: quando me deparo com esses textos logo recorto e colo no meu caderno escolar, se estiver numa revista, por exemplo nua sala de espera, peço licença e recorto o texto. Juro, se tiver xeróx peço para xerocar.

Há alguns anos eu li um texto num jornal antigo e fiquei fascinado, li, reli e treli e ainda hoje releio-o. Achei uma lição de vida, simplesmente um texto arretado, pungente, delicado, veradeiro e que leva qualquer pessoas sensível à reflexão. Disseram que o autor seria Garcia Márquez, ele estaria doente e o texto era uma espécie de despedida. Foi desmentindo, mas o estilo, juro, e todinho do saudoso mago da escrita colombiado. Reli esse texto hoje e, como sempre contece, me comovi e fquei com os olhos marejados. Vou transcrevê-lo:

"Se por um instante, Deus esquecesse que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo que penso, mas, certamente, pensaria tudo que digo. Daria valor as coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, ois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria qndo os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria com um sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com u pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de brulos no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tvesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol secasse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e oencarnado beijo das pétalas. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um dia sem dizer às gentes: - Te amo, Te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são meus favoritos eviveria enamorado do amor. Aos homens lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice as co o esquecimento. Tantascoisas aprendi com voês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão a de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. Sao tantas as coisas que aprendi com vocês, mas, finalmene, não poderão servir muito porque quando me colocarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo".

Tudo bem, é meio triste, mas é lindíssimo. Um texto para se refletir muito. Faei que o estilo ´de Garcia Márquez, mas às vezes penso em Rubem Alves. Na verdade, seja quem for o autor, escreveu um texto arretado. Bom resto de sábado e um domingo nos trinques. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/09/2018
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