Unha aos dentes, dentes ao trilho, trilho ao sol.
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A rua ao longo derretia-se, fundia-se ao ar. As poucas almas perdidas por ali cobriam os olhos com a mão sofrida, ameaçando desabar. Eu assistia tudo da cadeira da Estação de Metrô do Cj. Esperança.
14h16
O vento gélido a essa hora do dia? Irônico. Alguém põe uma música para tocar ousando perturbar o som do vento.
Faíscas.
O barulho dos fios.
Uma buzinada.
O som de um tiro.
O metrô aproximava-se, furioso, carregando toda aquela gente como se fossem seus órgãos falantes e, como merda, são expelidas às carreiras para rua. Nada de "bom dia" ou "boa tarde". Elas apenas vão.
O metrô aproxima-se e com isso a beleza do desejo de agarrar-se a Morte dando com meus dentes nos trilhos, esmagando meus pensamentos junto com os piolhos e lêndeas e memórias de uma rua clara, esquentando gente.
14h23
O oposto veio. Ninguém saiu. Ele segue, só, a mesma viagem. Nunca conheceu outra, e falo do seu cérebro que descansa às 23h e toma seu café e esvai-se por aí como poeira.
14h25
Espero, espero. Espero tudo. Esperaram por mim. Esperei para morrer. Esperei para apodrecer. Esperei receber as provas. Minha família esperava o boletim. Meu chefe esperava resultados melhores. Espero a hora correr para eu ir para casa. Espero o maldito metrô, sentido Carlito Benevides.
14h28
Eu esperei.
Ele chegou.
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