Caráter zero

Neste final de domingo, vou contar mais um causo antigo, que me provocou, pasmem, um engasgo, não foi nem asma, foi pior, me engasguei, pasmem outra vez, com um grão de arroz integral. Pensem na agonia, tossi que só um desgraçado e só melhorei quando consegui botar pra fora o danado do grão de arroz. Como me engaguei? Ora, um amigo me telefonou do Rio de Janeiro e é desses sujeitos que falam mais que o homem da cobra, então fiquei ouvindo e comendo o arroz com um bife grelhado (regime duro), então ele começou a falar no caso do sujeito caráter zero, um caso que não é para rir, mas o jeito dele contar me fez rir e isso me fez engasgar, suspendi o telefonema e sódepois de umas duas horas religuei para ele mas pedi para não repetir o causo.

Vou tentar recontar. Há episódios que a gente nao esquece, mesmo passados mais de 50 anos como o fato que vou relatar. As pessoas principais do relato já partiram mas a história ficou. Foi no coeço dos ansos dourados, logo depois da vitória do Brasil na Copa do Mundo (aquela da Suécia). Naquela época, numa cidade pequena, as moças gostavam de paquerar com os viajantes de formas comerciais. A maioria eram namoradores. Era praxe, os viajantes deixavam a rapaziadfa matuta co raiva. ma das moças namoradeiras era, acreditem, noiva de um sujeito muito direito e ingênuo, ela flertava direto, era sapeca mesmo, mas muito simpática e bonita. Além do noivo havia um sujeito antipático que era doido por ela, foi preterido mas não desistiu. Fez-se amigo do noivo da moça, vivia cercando- para dar o bote. Deu. De uma forma horrível.

Naquele ano, 1958 (?) houve uma exposição de animais na cidade, uma festa. Aconteceu de um viajante de remédios estar na cidade e começou a paquerar a noiva. Da paquera foram aos encontros. Ninguém sabia, mas o cabueta (hoe seria delator) descobriu. Descobriu até que a noite, qando havia showw na exposição, a nova sapeca se encontrava com o viajanate por detrás do prédio da admsinistração do local da exposição, ao lado de uma cocheira. Delatou ao noivo, como amigo disse que não podia deixá-lo bancar o otário. Tocaiaram o casal. E fizeram o flagrante, bem na hora do "vamos ver". Foi um escândalo, o noivo acabou o noivado e espalhou o caso. Resutado: a sapeca ficu na berlinda, marcada, estigmatizada, discriminada, nenhuma das amigas sequer falava com ela, as comadres, já viram, chavam-na de tudo no mundo, ficou, como diria minha avó materna, falada.

Só que o castigo não deorou muito tempo porque logo apareceu um sujeito desprenddo, sem preconceito, disposto a redimi-la, incçusive mediante noivado e posterior casamento. Quem foi? Ora, o delator. Primeiro se intrigou com todos os amigos, em seguida npivou e logo depois de alguns meses casou. Mas na época um caso desses não era assimilado facilmente, cairam na boca do povo, o cara quando aparecia na rua até a eninada acunhava elecamando-o corno tapa buraco. Sim, era assim que o chamavam. Então ele teve que ir embora com a esposa da cidade. Foram para São Paulo, dizem qe até se derama bem, só que alguns anos depois a eterna sapeca botou um par de cifres no delator e amigou-se com um japonês. Parece até brincadeira mas é tudo verdade.

Não posso dizer que o fato tenhame alegrado porque até o fim da vida o noivo dela, um cara bom, nunca a esqueceu. Casou, teve filhos, viveu bem, mas não esqueceu a sapeca. Agora vou toar um cálice de licor e ouvir musica. Vou me desligar, mas sem comer arroz integral. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 26/08/2018
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