Entre as grades da escola
Cheguei bem cedo à escola hoje, 6h30 da manhã. Eu me encontraria com a turma do Ensino Médio, o 3º ano, no primeiro horário. A escola estava deserta, só o vigilante já estava de prontidão no portão. Foi quem me recebeu.
Entrei e, de repente, a sensação de estar presa me aplacou. Presa! Olhei o vazio e só vi grades, portões, chaves, correntes e cadeados.
Já tinha passado pelo primeiro portão, quando aquele “estar enclausurada” me instalou ali. Esse primeiro portão separa a escola da rua, é onde o vigilante realiza sua guarda. Depois, passei por uma grade que separa região externa e interna da escola. Fiquei pensando qual seria a serventia daquela grade... Deve servir para proibir. Aliás, serve, sim, para proibir os alunos: proibir de entrar atrasado, ou adiantado, ou sem fardamento adequado, ou sei lá de quê. Passada a grade da proibição, outra grade, que separa... Separa...
Resolvi passear pela escola, vê-la, assim, deserta. Quantos portões! Onze barreiras que se trancam secas, inibindo o acesso às estradas que fazem sonho acontecer. Para ir às salas de aula do ensino fundamental, há grades; para ir às salas de aula do ensino médio, há grades; para ir ao pátio da escola, grades; à sala dos professores, grades; ao estacionamento, à biblioteca, à sala de vídeo, à cantina: grades, grades, grades e grades!
A quem pertencente esse espaço? Por que essa aparência árida e arredia? Do que a escola tanto se protege?