C a m i n h a r

Sempre adorei caminhar. De preferência a esmo, sem destino, sem roteiro traçado...Caminhar sem a preocupação do metido a atleta e nem do que caminha por recomendação médica. Caminhar porque gostava de caminhar, porque achava arretado caminhar, ouvindo os sons das ruas, todos os sons, inclusive dos animais, do vento, dos pipocos ao longe, nunca vi graça nenhuma em caminhar com aqueles fiozinhos nos ouvidos como é moda hoje. Som é o natural, jamais caminharia em rua deserta e sem gente, sem som, ficaria perdido.

Falei no passado porque hoje, infelizmente, devido aos achaques da idade, ando muito pouco, caminho com passos lentos (lembro a música que fala do velho que anda a passos lentos). Mas ainda, meso pouco, ainda caminho, devagar, devagarinho, mas caminho. Graças a Deus.

Mas caminhar para mim é algo ainda mais abrangente e tem um sentido mais amplo. Sempre lembro o poeta Antonio Machado: "Caminhante, são teus passos/ o caminho e nada mais./ Caminhante, não há caminho,/ faz-se o caminho ao andar./ Ao andar se faz o caminho, / e ao voltar a vista atrás/ se vê que a senda que nunca/ se voltará a pisar. / Caminhante, não há caminho,/ mas sulcos de escuma ao mar".

É isso, hermanas e hermanos, caminhar, caminhar e sonhar, sonhar e seguir a canção de esperança num novo tempo, num novo país, um país sem desigualdades, sem inustiças, sem discriminação, um país justo. Um sonho de verdade e disposição para lutar por ele. Lutar mas sem perder a ternura jamais.

Adoro o que Dom Hélder (uma das minhas grandes admirações) acnselhou: "Caminhar na capacidade de dialogar. Dialogar não é fazer de conta que se escuta os outros e já trazer as conclusões decididas e prontas... Caminhar na paciência consigo mesmo. É orgulho ficar sem entender que sosos capazes de cair... Ter paciência consigo não quer dizer deixar de lutar para não cair... Mas descobrir que somos fracos e pecadores... Caminhar: aproveitar a vida recebida de Deus e do próximo... É triste viver desconfiando de tudo e de todos".

Mas, amigas e amigos, caminhar pisando no chão do presente, fitando a trilha que leva a um futuro feliz, pero, como diria Aragón, sem esquecer de olhar de vez em quando pelo retrovisor do passado. No mais, camainhar é arretado demais. E priu. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/08/2018
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