Chatos, pedantes e Ariano Suassuna

Admito que as pessoas não podem e nem devem viver eternamente rindo, contando e ouvindo anedotas e piadas ou assistindo diuturnamente a desenhos animados. Mas acho que não se pode viver sem o danado do humor. Ele é tão importante para o ser humano quanto o ar que respiramos. Sem humor o ser humano não vive, vegeta.

Que fique claro que algumas pessoas têm mau humor e não riem devido a sofrer algu tipo de problema, transtorno. Mas há o mal-humorado crônico, é chato e pedante e vive com raiva por opção, este alia o mau humor à pretensão, à arrogância e ao amostramento. São os que se acha donos da verdade e iluminados. Detalhe: são incapazes de rir, contar uma piada, contar um causo engraçado, é imune à alegria. É viciado em dar lições aos outros, é prolixo, enche até pneu de trem. Esses tipos não admitem qe pessoas sem títulos, sem lenço e sem documento, tenham conseguido adquirir um pouco de cultura, tenha lido, discuta, debata, reflita, exponha seus pontos de vista e, pecado dos pecados, divirja dos orácuos em compotas, os bambambão de araque, os metidos a 29 de fevereiro.

Para mim - posso estar errado, admito - o maior intelectual, pensador e gigante da literatura e do teatro no país foi Ariano Suassuna. Motivo: além de escrever obras definitivas nunca se envaideceu, nem abandonou suas raízes e seu linguajar. Toda a obra dele se baseou nas suas raízes, no seu povo, no seu sertão. Certa feita um jornalista metido a intelectual fez uma entrevista com ele e perguntou de onde ele tirou a idéia de construir o personagem Joao do Grilo (Do Auto da Compadecida), ele respondeu: - Da literatura de Cordel. O sujeitofez a mesma pergunta em relaçao a Chicó. A mesma resposta: - O cordel. O causo do gatoque defecava dinheiro: - Cordel. Então depois de várias respostas desse tipo, o jornalista resolveu ser pedante e imbecil: - Então o que você fez? Ariano riu e disse: - Fiz a peça.

Há quem discuta e se deslumbre tentando ser professor em Jesus. Mas Ariano ha muito e muito tempo, nessa peça "O Auto da Compadecida", ousou algo que, na minha opiniao, foi a maior lição sobre Critianismo: colocou um Jesus negro na peça. Que em determinado momento, na hora do julgamento quando alguém que vai ser julgado estranha Jesus ser negro, Ele diz: - Você está pensando que aqui tem racismo? Ariano com essa peça deu ua grande lição aos cristãos. Por que Jesus não podia ser negro? Negroe um homem do povo.

Quando vejo alguns chatos de galocha, daqueles que são imunes à alegria e ao humor, querer usar Jesus para dar vazão aos seus ódios, raiva, rancores e intolerância, sempre pichando o lado da corda mais fraca, eu me lembro de Ariano, um intelectual que sabia rir e só ficava do lado dos menos favorecidos. Um cara que disse algo que jamais esqueço: - Não troco o meu oxente por nenhum ok. Um homem sem pedantismo, que nunca quis ser bambambã e nem gênoda raça. Adoro o persobagem Chicó qu quando dizia uma mentira cabeluda e era questionado dizia: - Não sei, só sei que foi assim. Viva a alegria. Jesus gostava da alegria e dos perseguidos. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 17/08/2018
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