T r a p é z i o

Caminha triste, sabe que é um condenado, mas está decidido a aceitar o seu destino, a vontade dos algozes. Sabe que serão seus útimos passos, sente um leve tremor no corpo, não é medo é um misto de tristeza e desalento. Entende que precisa ir em frente, a platéia exige, está ávida, anseia por presenciar seu sacrifício, prefere - prefriu sempre desde os tempos que nas arenas jogavam os cristãos às feras - o circo ao pão. A massa quer assistir ao drama, ao Reality Show derradeiro, ao grand finale, a massa de certa forma é mórbida e camicase, a massa se deixa enganar por um saquinho de pipoca desde que veja um justo ser sacrificado.

Ultrapassa as cortinas que vão dar no centro do circo. Ele vê a eescadinha por onde deve subir para chegar ao trapézio. á em cima pa está seu parceiro traíra que vai falhar por gosto na hora de segurpa-loapós o salto, esse tenebrosa transação ele sabe que foi concretizada. Mas que pode fazer? É sua função dar o salto triplo e suicida. Não hpa rede. Será o último ato. O fim.

Sobe os degraus da escadinha, só lhe resta minutos, segndos de vida, respira fundo, sente o prazer de receber suas últimas quotas de ar puro. Nesses momentos finais vêcomo em um filmetudo o que viveu, não é câmara lenta mas aceleradíssia, vê todas as traições, ingratidões, covardias... Mas corta as lembranças, o povo urra, é a hora de pegar o trapézio e fazer o impuso e dar o salto para o desconhecido. Entrega tudoa Deus e... salta. A massa grita em uníssono: "Oh!", quando ele cai e se estatela no chão.

Fica ali no chão, ainda não está morto, talves nos estertores, chegam algumas pessoas e um anão e um palhaço, alé de uma decadente rumbeira, se apiedam e falam em levá-lo para o hospital. Levam, enquanto outra atração é oferta ao distinto público, o homem do arame. No hospital dizem que é caso perdido, mas um médico cansado e sem dar muita atenção ao trapezista apenas receita um genérico que pode ajudar o agonizante a morrer sem tanta dor, receita o tônico fajuto Eleições. Inté.