SALVE-SE QUEM PUDER!

A vida é simplesmente de escolhas, dentro dos limites da lei. Quando nem mais a lei impõe barreiras, estamos em um salve-se quem puder.

É indiscutivelmente a situação atual do Brasil. O crime permeia todo o estamento social. Circula como sangue por suas veias principais, vias e estradas. Fez e faz escola, principalmente nas comunidades carentes.

Quando o crime está fortemente aparelhado nas instituições e tem soldados dispostos a tudo, afrontando de forma indiferente as regras para defendê-lo, com desfaçatez, isto desde as cátedras e paramentos rituais e litúrgicos, entre pompas e galas, em recintos “austeros”, até à menoridade onde o fuzil é maior em estatura do que quem o carrega, temos o retrato tranquilo que a ordem se esgotou, está exaurida. Não há mais salvação.

A surpresa surpreende quem da surpresa nada mais esperava. E fica mudo, surpreso...Nada se fala quando a borrasca está em curso, em força gigante.

Dizia o eminente antropólogo Levy Strauss, conceituando, o que via no Brasil, que o país não conheceria a civilização, estacionaria na barbárie.

Parece que estamos nesse estágio que vai ganhando força e se dimensionando.

Quando o próprio Estado que lista normas as contraria, as viola, em todas suas instituições, e o Poder Judiciário não tem seguimento uniforme de seus passos assentados, que tem a missão de galvanizar os costumes sociais, ficando no fio da navalha posições que abrem o cárcere para os mais perigosos delinquentes, do pior traficante de drogas e dinheiros, homicidas, até os mais graduados “bosses”, chefes, não há como ter previsões, é o que se chama de insegurança jurídica.

Os "capo di tuti cappi" italianos transitam céleres e desenvoltos. Chefes de todos os chefes, articulando e mandando.

Vivo hoje surpreso com uma situação de fato brotada aos poucos da situação de direito, por estar o direito totalmente descumprido com o beneplácito de quem tem que garantir o que chamam de “Estado de Direito”, o judiciário.

Sem medo de errar pode-se dizer que temos uma FARC urbana, só que com contingente imensamente maior que a colombiana que atuava em guerrilha aberta contra o governo instalado. Isto com o apoio do narcotráfico.

O que temos no Brasil? Uma guerrilha urbana, sofisticadamente armada, com armas chegando por aeroportos entre outros meios, como as apreendidas em tanques de aquecimento de piscinas, neles escondidas entre isopores, vindas de Miami.E chegam de todos os meios e modos.

Assisti faz muitos anos um interrogatório quando esperava um colega para tomar café, interrogatório feito a um preso. Estava eu sentado ao lado do juiz que interrogava quando disse o interrogado : “Excelência, tem no Rio mais de cem mil homens armados nos morros.” Sem medo de me falhar a memória, isto faz vinte anos aproximadamente.

Não mentia. Naquela época ainda se podia com tranquilidade sair de noite e ter uma vida pacífica. Hoje é roleta russa. A violência está absolutamente instaurada e instalada. Adianta andar armado? Não. Viajava sempre levando uma arma, quando viajava. Hoje a pessoa está sujeita aos “bondes” de arrastão nos congestionamentos. Se te apanharem armado está morto. Se tiver uma carteira indicando ser policial ou assemelhado, também morre. Perdemos inclusive a identidade.

Para ir na casa de um filho como o meu que mora na serra, há de se escolher dia e hora para evitar congestionamentos.

Por que chegamos a isso? Por total falta de punição, absoluta corrupção contaminadora de toda a sociedade, em toda a pirâmide social, de sua base ao vértice. Direito penal mínimo, lei de execução da pena inexistente, solturas desmedidas, favorecimentos por magistrados na aplicação de uma lei que já é frouxa,indultos e permissões de saídas para criminosos que no dia seguinte estão a cometerem crimes, total impossibilidade de reeducação do apenado, princípio da pena, pois só se reeduca quem foi um dia educado, prisões como da idade média extintas, pois não há espaço.

Como sairemos disso?

Se me perguntarem direi não sei. Ninguém sabe. Muitas nações chegaram a esse ponto para ressurgirem. Só não sei o como(?), mas percebo.

Nada sabemos quando há ordem mínima, quando há desordem máxima só um aventureiro arriscaria.

Só sei que temos um exército urbano cuja atividade é o tráfico, onde dos grandes barões aos menores de comunidades carentes se movimenta muito dinheiro e outras formas de crimes, como roubos de cargas, de caixas de bancos e blindados que transportam valores. E a grande gama dos crimes chamados menores que hoje já são incontáveis, crimes contra o patrimônio, furto, mas também o roubo seguido de morte (latrocínio), crime contra o patrimônio com violência, o que virou fato comum banalizando a vida.

Não sei como tudo isso acabará, será difícil minimizar.

Somente para refletir. As forças armadas melhoraram a situação de violência?

Para mim piorou e muito. Por quê? Resposta do crime que agora sim, SE ORGANIZOU, mais ainda. Estão comprando e usando "drones" para monitorar a chegada da polícia nas bocas de drogas. Alguns grupos vestem-se com fardamento. Há uma central de comando, pasme-se, de dentro dos presídios de segurança máxima.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 29/06/2018
Reeditado em 29/06/2018
Código do texto: T6376991
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