Segundo Sol, Sartre e os Negros

Sou crítico ácido da Globo, mas sempre assisto a uma ds suas novelas (adoro boas novelas). Estou acompanhando "Segundo Sol". O enredo é bom e o cenário é fascinante. Tem ótimos atores, como Ariana Esteves (uma nova Carminha travestida em Lauretta), Arlete Sales José de Abreu, a átriz que adoro Giovanna Antonelli (mas nessa novela não está muito bem)... as há um personagem, nem sei o nome da artista, a Cacau que está arrebentando a boca do balão. É baiana no andar, no gingar, no falar, no jeitão e no lararará, tão ligados?

Mas o que mais me chamou à atenção - até agora ma novela - é que não estão mostrando a verdadeira Salvador, oseu povo. Eu conheci Salvador, e logo me surpreendi de enxergar na novela poucos negros. Não, nem estou me referindo ao elenco, há vários negros, poderia haver muito mais. Estou estranhando é quando mostram as ruas, os shows, alguns pontos de Salvador e a população mostrada não é majoritariamente negra, a predominância éde brancos. Podem verificar, a não ser que mudem, mas aquela Salvador global é fictícia. A terra é o povo.

Vou mais longe, noveleiro que sou, acho que Beto Falcão devia ser um negro, ele encarna um cantor baseado em Carlinhos Brown, por que não ter colocado, por exemplo, um Lázaro Ramsos no papel? E me desculpe, minha querida Antonelli, a Ariellela/Luiz devia ser Taís ou outra atriz negra, talvez até Camila Pitanga.

Para terminar esta arenga sobre a novela, lembrei da visita que Sartre fez ao Brasil, quando esconderam os negros no Rio, nas reuniões que ia só via brancos, então perguntou: - Onde está os negros? Um ricaço fascista respondeu: - Estão por aí assaltando. Se perguntase hoje em Salvador, a resposta seria: - A Globo escondeu. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/06/2018
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