TOLERÂNCIA ou IGUALDADE
Ontem, a propósito do casamento principesco, falou-se de TOLERÂNCIA.
Pessoalmente, não uso nunca esta palavra.
A meu ver, exprime um conceito de superioridade, da parte de quem a utiliza.
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Tenho-me questionado se a utilização da palavra não resultará de alguma má tradução do Inglês. Mas não estou enganada. O Cambridge Dictionary dá-nos esta definição:
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The quality of allowing people to do or believe what they want even though you do not agree with it.
(https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english-portuguese/tolerance )
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Assim, confirmo que TOLERÂNCIA é uma permissão:
Alguém PERMITE que outrem tenha opiniões e práticas sociais, religiosas ou políticas, diferentes.
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Noto muitas vezes que até os Budistas utilizam este termo.
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Este termo exprime um preconceito, e incomoda-me sobremaneira.
O direito de PERMITIR – seja o que for – pressupõe que há alguém que, por qualquer razão, se sente em posição de superioridade. E então, deixa que o Outro se comporte diferentemente.
Sociologicamente, será o grupo dominante – o grupo mais forte – quem detém esse direito.
Dominante, por razões históricas. Na cultura Europeia, a História demonstra-nos que o Europeu desbravou o Mundo à procura de riquezas e de mão-de-obra – não propriamente barata, mas gratuita.
Para o efeito, criou um conceito perverso – a pele branca (que por acaso até não é branca, mas mais ou menos rosada, mais ou menos morena, conforme as hereditariedades e as latitudes) – seria sinónimo de inteligência, saberes, religião, força, e poder, superiores.
...E viu-se a multidão de desgraças que daí decorreram durante séculos – e continuam a decorrer.
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Quanto mais me documento sobre a História da Humanidade, mais me congratulo por constatar que a Humanidade é Mestiça desde os seus primórdios. E dessa miscigenação todos guardamos um pouco no nosso ADN. Quanto mais recentes os exames genéticos aos achados arqueológicos, mais provas existem dessa fusão. E ela continuou a acontecer, ao longo dos tempos.
Logo, pretender que uns são superiores a outros, denota ou desconhecimento, ou sentimentos que me escuso de classificar.
Pessoalmente, no meu uso quotidiano, nunca uso a palavra em questão. Prefiro o conceito de IGUALDADE, que por definição implica o seu correlativo – o RESPEITO mútuo (entendido como Lealdade, Honestidade) - pois esses é que podem operar os milagres da convivência e da harmonia entre povos e países, abolindo a opressão, a exploração, e as guerras.
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© Myriam Jubilot de Carvalho
20 de Maio de 2018
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