Bilhete Incrível

Já contei várias covardias e fraquezas humanas geradas nas pessoas pelo Golpe de 64. Algumas covardias e provocações nunca esqueci e nem perdoei. Vi, estava presente e era apenas adolescente, a casa do meu api ser invadida à noite, meu pai já preso, os milicos futucando tudo e ate roubando objetos de algum valor, presenciei pessoas se afastando da gente, safados provocando, toda sorte de maldades. É claro que houve exceções, pessoas que demonstraram solidariedade mesmo tendo ideias contrárias às do meu pai. Mas houve casos que não só perdoei a fraqueza como senti pena do pavor, pânico, medo das pessoas de ser incriminadas por manter amizade conosco.

Pessoalmente tiv sorte de em junho ter saído da cidade para assumir meu emprego (por concurso) num banco oficial. Mas nao me desliguei, contineui vindo a minha terra e constatando a escalada da fraqueza e da covardia, gerada pelos que estavam em êta, querendo ser os representantes da tal "revolução".

O ápice da perseguição se deu quando mandaram um sargentão do exercito fazer uns inquéritos na cidade. Logo esse sargentõ foi promovido pela "sociedade" escrota, sem-vergonha e podre a capitão. O cara começou a pintar e bordar, perseguindo, humilhando, prendendo... Instaurou um regime de terror. O medo de ser camado pelo meganha para depor era tão grande que houve um caso que, sinceramente, me deu pena. Uma senhora muito amiga de minha mãe, conterrânea dela, sempre se encontravam na feira, era aquela festa, essa senhora ficou com tanto medo que mandou um bilhete para aminha mãe: "Maria, peço para você, por amor de Deus, nao falar comigo na feira. Fico com vergonha de lhe pedir isso, mas me disseram que se eu começar a falar com você posso entrar na lista do Capitão e ser chamada para depoimento na delegacia e atpe ser presa. Desculpe, mas não fale comigo. Fico lhe devendo esse favor. Deus lhe proteja". Mãe atendeu, mas o biilhete foi levado a um engenheiro do Dnocs que fora colega de um coronel do Exército, um coronel de verdade e que chefiava um departamento do Exército. O coronel leu o bilhete. Resultado: o sargentão foi repreendido e passou apenas a cuidar junto co o sargento do tito de guerra da instrução dos atiradores. Acabou o reinado. O assunto vazou, até as crianaçss mangavam dele. A mulher foi lá em casa, coitada, abraçou mãe, pediu desculpas. Vooltou a amizade interropida pelo medo.

Era um tempo de terror. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 13/05/2018
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