Alcoolismo noturno

Relatarei em poucas linhas como descobri que pertenço ao seleto grupo dos que bebem para além do corpo. Nos dias comuns sou professor da graciosa disciplina de biologia. Em uma dessas semanas uma aluna me convidou para sair. Ouvir uma banda tocar em um barzinho aqui perto, jogar conversa fora. Rock alternativo. Aceitei o convite. Nesse ponto deve ficar claro que leciono para adultos, evitando assim a má impressão de que aceito convites adolescentes. Marcamos de nos encontrar no barzinho, horário: dez e meia. Cheguei em casa dez e vinte, tinha que tomar banho, trocar de roupa e ir, tranquilo, seria jogo rápido. Nesse momento recebo uma mensagem informando que ela tinha sido vencida por uma faxina (será verdade?) e encontrava-se cansada demais para ouvir rock dos saudosos 70’s. Eu estava animado para ir, e pelos dois dias que se seguiram entre o convite e o evento estive na expectativa de uma noite legal. Seria ela uma pessoa interessante? A conversa seria legal? Seria a banda boa de verdade como falavam? Foram perguntas que me fiz durante os dois dias. Obviamente que não fiquei nada bem com a mensagem e a priori julguei ser porque não iria ver respondidas essas perguntas naquela noite. A madrugada me revelou que meu desapontamento se dava pela ausência de algo que também não aconteceria aquela noite, falo de cervejas. Isso mesmo, aquele baldinho com quatro long necks, tão geladas quanto o coração de quem com uma mensagem me negou acesso a elas. Por que você não foi sozinho? Não tenho autoestima suficiente para ir a lugares que envolvem socialização sozinho. Agora sempre bebo minhas cervejas depois do meu banho quando chego em casa as dez e vinte, sem esperar mensagens. Duas latinhas por noite me bastam. Escrevo esse relato antes que a segunda acabe.

Tales Martins
Enviado por Tales Martins em 07/05/2018
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