Tudo é cem por cento

Nunca fui bom em matemática (nunca fui bom, na verdade, em nada), sempre fi um aluno relapso no curso ginasial, o único que possuo (feito na marra). Mas no primário era bom aluno, bom mesmo. Só caí na gandaia no ginásio. No primário era o cão chupando manga em fazer contas, resolver problemas, mexer com números. Era o tempo da Aritmética. E havia auma área que eu era mesmo um craque: percentagem. Nisso deitava e rolava. Tudo porque uma velha professora me deu um bizu que nunca esqueci. Qaudno começou a ensinar a tal percentagem (chamava porcentagem), eu fiquei meio confuso, ela então me disse o seguinte: - Não tem segredo em porcentagem, basta que você bote na cabeça que tudo é cem por cento. Só isso, se você entender isso faz qualquer operação sobre porcentagem. E começou a exemplificar: - Se você tem 20 bananas, vinte é cem por cento das bananas, são todas. Se você quiser calcular vinte por cento das bananas basta multiplicar as vinte bananas por 20 e cortar dois zeros, dá quatro bananas. Nunca esqueci e a partir daí resolvia tudo de porcentagem. Mais: certa época eu nem precisava de lápis e papel, calculava na cabeça, só usava lápis se tivesse fração.

Ensinei muita gente percentagem, mas com as novas maneiras de ensinar matemática, com as maquinhas, meu sistema caiu em desuso. Detalhe: só passei no concurso do banco por causa da percentagem, todos os problemas versavam sobre o assunto, juros, capital, tempo e o escambau.

Devo a velha professora Laura Rabelo, do Educadário Leonardo Couto, em Arcoverde, ter aprendido percentagem e passar no concurso do banco. Ainda hoje faço cntas de percentagem na cabeça, não uso a maquininha. Estão rindo? Juro que é verdade. Inté.