Bronca de Aniversário

Hoje quatro de maio é dia do meu aniversário. Só gostava dele quando era criança, adorava. pasmem, ficar "mais velho" - Tá ficando um rapazinho!, diziam. E ficava deslumbrado com os presentes que meu pai e mãe me davam. Não não era velocípedes e nem brinquedos caros, mas carrinhos, revpveres de plástico, quebra-cabeças ou jogos de armar... Era uma criança que se alegrava com qualquer presente. Nessa data comia até, pasme de novo, maçã e uvas, além de tomar guarnaá. Era um luxo, que só acontecia no dia dos meus anos ou quando tinha asma muito forte.

Hoe, tem bronca do dia do meu aniversário. Fico meio jururu lembrndo o passado, embora façam um almoço diferenciado e liberem aquilo que nao posso comer, també me dão resentes, aquilo que estou precisndo, novos chineles, camisas e bermudas, embora eu rararente vá usar porque prefiro o chnelo velho, as camisas já com furinhos as bermudas se esgarçando, como se esgarçando está a vida... Não digo que não goste da lembrança da familia, os amigos nem se lembram mais, alguns estão noutro plano de vida... Mas vou levando, só não aceito musiquinha de arabéns pra você, nem boo com velinhas e números, apenas dois, porque se fossem botar uma velinha para cada ano... Tô, repito, jururu, não gosto do dia dos meus anos.

Vou fechar essa bronca com o meu aniversário transcrevendo um poema de Fernando Pessoa que acho arretado:

ANIVERSÁRIO

No tempo que festejavam o dia dos meus anos

Eu era feliz e ningupem estava morto

Na casa antiga, até eu fazer anos

era uma tradição de há séculos,

E a alegriade todos e a minha,

estava certa com uma religião qualquer.

No tempo que fstejavam o dia dos meus anos

Eu tinha auma grande saudade de não

preceber coisa nenhuma.

De ser inteligente para entre a família

E nçao ter as esperanças que os

os outros tinham por mim.

Quando vim a ter esperanças, já

não sabia ter esperanças

Quando vim a olhar para a vida

perdera o sentido da vida

Vejo tudo outravezcom uma

nitidez que me cega o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares,

com melhires desenhos na loiça,

com mais copos.

O aparador com muitas coisas -

doces, frutas, o resto na sombra

debaixo do alçado -

As tias velhas, os primos

diferentes, e tudo por minha causa,

No tempo que fstejavam o dia

dos meus anos...

Pára, meu coração!

Não penss!Deixa o pensar na cabeça!

Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!

Hoje já não faço anos.

Duro.

Somam-se-me dias.

Serei mais velho qando o for.

Mais nada.

Raiva de não ter trazido o passado

roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia

dos meus anos!...

Tintim e Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/05/2018
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