No Tempo da Ditadura

Era 1978, o país vivia ainda a ditadura militar, Naquela época fazer oposição era uma temeridade, pricipalmente se o vivente era funcionário de algum órgão governamental (eu era funcionário de um banco oficial) e secretário do MDB (entre porque faltou gente para fundar o diretório). Na época eu já tinha 10 anos de banco e ganhara a estabilidade recentemente. Além disso era delegado sindical e membr da diretória (suplente) do Sindicato dos Bancários no estado. Esssas "savaguardas" ne davam uma certa garantia, mas eu sabia que a ditadura podia tudo, bastava me cassar ou aposentar pelo ato cinco ou qualqur coisa do tipo. Era tempo do manda quem pode e onedece quem tem juízo. Mas eu era moço e meio esquentado. Não que fosse provocador, nunca fui. Mas anão abria mão dizer o que pensava. E detesrava a ditadura.

Era época da campanha para as seleições de 78, eleição para senador, deputado estadual e federal. O govrnador era nomeado pela ditadura. De sorte que a campanha majoritária se deu apenas no voto para auma vaga de senador. O MDB só apresentou um nome, a Arena dois, dois caciques e capachos da ditadura. Havia aum problema: a sublegeda, soma-se o voto dos dois candidatos da Arena, e mesmo que o do MDB fosse o mais votado, s soma dos seus votos fosse menor que a soma dos dois da Arena ele perdia a eleição (como aconteceu, um absurdo).

Bem, nesse tempo era comum o pessoal da Arena levar os candidatos para visitar as repartições públicas, apertar a mão dos funcionários, dar tapinhas nas costas, fazer politicagem. Sem nenhum respeito a isenção das repartições públicas. Nesse ano foram ao banco que eu trabalhava, invadiram o local, um candidato gordão a senador, depois foi presidente do Senado, acompanhado de vários deputados e uma curriola de chaleiras. O gerente ficou em êta, satisfeitíssimo coma visita, se curvando todo, chaleirando paca. Então resolveu chamar os funcionários pelo nome para virem tomar a bença ao canidato a senador da Arena. Chamou vários e alguns, mesmo os que iam votar na oposião, foram ao beija mão. O gerente então chamou o meu nome. Eu estava atendendo um cliente da serra, um matuto muito meu amigo, fiz que anao ouvi. Ele chamou outra vez, continuei mouco, ele então gritou gasguito, então eu respondi gritando: - Não vou, bicho! Você tá careca de saber que detesto capacho da ditadura. Beije a amao dessa cara você mesmo, não tem norma nenhuma no banco que me obrigue a cumprimentar capacho da ditadura. E continuei atendendo o matuto. Foi u vexame, mas dizem que o candidato tirou por menos e outros foram cumprimentar o sujeito, mas todos de má vontade. O gerente ficou com riava, mas não tirou satisfação, nçao teve peito, eu acho que ele ficou foi com medo do banco ser notiificado e ele ser tido como sem liderança. Mas um servente, muito amigo meu, me disse que ele dizia baixinho a alguns clientes da Arena, todos sujos no banco, que eu era comunista e nçao tinha educação. Disse ao servente que não era mole e disse a ele: - Por que o senhor nao diz isso a ele? Nunca disse.

Se o tempo votasse eu faria a mesma coisa? Faria, com toda certeza, talvez fizesse ainda pior porque mandaria toda a curriola para a tonga da mironga do caburetê. Eu oidiava a ditadura. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 03/05/2018
Código do texto: T6326099
Classificação de conteúdo: seguro