Macarrão "Dois Oião"

Aqui onde moro de vez em quando a internet dá o créu, demora paca pra voltar. Foi o caso de ontem, na hora do jogo do Roma contra o Liverpool, ela pifou e só foi voltar de madrugada. Resultado: não pude postar a minha terceira do dia. Fiquei puto, mas puto ainda porque o Roma não desbancou os ingleses. Acho que o juiz deu ao mãozinha aos ingleses. Só vive o jogo porque a internet estava fora do ar, mas meu neto ficou brabo porque o Roma foi desclassificado. Agora ele vai torcer pelo Real, na final. O duro foi ficar aguentando a conversa dele sobre futebol estrangeiro, mas neto é filho melado de mel. Sou do time de Sandrinha Cardoso, sou avô corujão. Mas vamos à maltraçada que ia postar ontem.

Fazia um bom tempo que não batia um papo com um amigo dos meus tempos de infância e adolescência no sertão. Ele mora distante de mim, no morro, em Casa Amarela, só nos falavamos por telefone. Pois bem, dia desses recebi um telfonema dele, conversamos um pouco, ele satisfeito porque estivera no nosso sertão onde sua família mora e porque lá chovera bastante, eles possuem uma fazendola, então ele me disse que tinha trazido um presente para mim, um queijo de coalho, uma garrafa de mel de uruço legítimo e uma caixa de goiabada cascão daquelas que ainda tem tachinhas. Mas estava com um problema: entregar o presente. Ele só poderia ir no final da semana, era auma segunda-feira e estava com medo do queijo ficar velho. Como fiquei satisfeito e tinha pressa em receber o presente, me ofereci para ir busá-lo, mas não precisei o dia, mesmo sem nunca yer ido na parte do morro que ele mra, mas ele me deu o endereço direitinho, inclusive pontos de referência. No outro dia, bem cedinho, pedi ao neto para chamar um uber e pisei no barro. Não vou dizr que foi muito facil o cara do uber encontrar o local, mas encontrou, a maquininha faz milagre. Chegeui na casa do amigo, de supresa. Foi ma festa, mattutos quando se encontram fazem festa. Ele não mora em apartaento, mas numa casinha no morro, tem até muro onde cria galinhas de capoeira, tem um pé de cajo e até um cágado, tudo como no interior. Nada de luxo, moda, novidade. Uma casa como a que morava no sertão, os mesmos móveis. Esse cara é funcionário público aposentado e a esposa, tambem do nosso tempo e muito amiga minha, é profssora aposentada do estado. Os filhos já são aposentados e independentes e eles vivem com dignidade, detestam consumismo. Bom, são muito felizes. Bom, enquanto o amigo sentou numa velha espriguiçadeira que fora do seu pai, eu me ajeitei numa antiga rede branquinha do Ceará, velhinha mas bem consrvada, enquanto a mulher dele sentou numa poltrona antiga. Ficamos ali, claro, rememorando o passado, lembrando os bons tempos, principalmente as coisas mais engraçadas e as armações. A mulher dele que tem uma memória incrível (de elefante) era quem mais se lembrava de fatos e descrevia até as cenas. Ela se ofreceupara assas um pedaço de carne de sol para tomarmos umas lapadas de Pitu, mas descartei, estou de dieta e não estou bebendo. Bom ficamos ali cnversando miolo de pote e, quando olhei para o Seiko automatico arranhado, já era quase meio-dia, ai disse que ia embora. Os amigos ficaram meio constrangidos, com raiva de mim que nao avisara para que fizessem um almoço... Então a amiga disse: - Se pelo menos tu ainda comece aquela macarronada ds "dois oião" qe a mãe desse tem amigo fazia e tu lambia os beijos, eu fazia... Interrompi saudoso: - E comia mesmo! Já estava arrumando na sacola o queijo, a goiabada e a garrfa de mel. Parei e ela disse: - Não é me gabando não, mas essa macarronada eu ainda faço melhor que a mãe dele. A macarronda é simples: macarrão, não muito fino, o molho (o principal) feito apenas de tomate e manteiga, nata de leite e um pouco de coentro e cebolinha, pulverizada com queijo de coalho ralado (meio velho) e dois ovos de capoeira (dois oião) em cima. Ela fez, coememos, eu melei até a camisa. E ainda tmei um copo de suco de caju e três lapadas de Pitu. De sobremesa cmim um pedaço de giabada com queijo de coalho, tomei um cafezinho e depois um cálice de licor de jenipapo. Então o amigo disse: - Agora vamos tirar um cochilo e antes vamos dar os dois peidinhos de praxe. Voltamos ele para a espriguiçadeira, eu para a rede e a ulher dele para a poltrona. Uma meia hora depois, arrumei os trecos, e ele me levou até o treminal do ônibus que fica pertinho, estava vago, sentei na primeira cadeira dos idosos e vim direto para casa, no caminho ainda sentindo o gosto do almoço nos trnques. E a saudade dos tempos em que a gente era mas feliz e muito mais simples. Fiquei com inveja dos amigos que moram numa casa tipo inerior, mdaram de cidade mas não abandonaram o estilo de vida. Saudade... Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 03/05/2018
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