Impressora cozinheira
Tem impressora que cozinha. Não sei como e nem sei para que, mas já ví na CNN. Vou acessar o programa na internet para entender melhor. Porém, segundo a matéria, já é uma realidade. Falta cozinhar um pouquinho mais, cozinha só no alto, alguns milímetros aquém do desejável. Aí lembro o saudoso amigo, Reinaldo “Rohr” Pereira, músico de truz, e a Soraia, na época sua namorada, hoje comerciante respeitadíssima em Pitangui. Completando o elenco, o Cambota, nome de batismo: Juvenal. Figura cheia de graça no universo do humor cotidiano de Pitangui.
Apresentados os três, vamos aos fatos. O local é o bar e restaurante do já citado Cambota, na Rua do Pilar, em Pitangui, a Sétima Vila do Ouro das Minas Gerais. Soraia estava com alguma indisposição estomacal, uma azia ou algo parecido. Pede ao “Rohr” que lhe traga um Sonrisal, Alkaseltzer, sei lá, um desses antiácidos populares. O “Rohr”, quase sempre, um cavalheiro, se levanta, vai ao balcão e faz o pedido do Sonrisal ao Cambota. Ele pergunta, brincalhão como ele só:
- Qual o sabor?
Desconcertado com o inusitado da pergunta, o bom e velho “Rohr” volta a sua mesa e consulta a namorada, mais tarde a mãe de seus dois filhos, Gabriel e Igor:
- O Cambota tá perguntando qual sabor de Sonrisal você quer. Qual?
A Soraia o fixa e pergunta se ele está brincando, onde já se viu Sonrisal ter sabor? Ainda confuso, o Rohr volta ao balcão, o Cambota já morrendo de rir de mais uma de suas conhecidas pegadinhas. Pois hoje os antiácidos, antigos ou novos, têm até combinações de sabores, quem diria?
Lembro-me também que nos pediam cópias de chaves e íamos aos chaveiros pedir “fotocópias” de chaves. O profissional que não nos conhecia ficava meio confuso, mas depois via que era brincadeira e a coisa ficava por aí. Claro, com alguns deles íamos escutar uns belos nomes feios por pedir uma “fotocópia” de chave.
Pois agora, durmam com o barulho dessas máquinas que vêm por aí: as impressoras 3D. A novidade é que, além de imprimir, sua obrigação desde que vieram ao mundo, vão também fazer comida. Não vou nem tentar explicar como nem especular para que essa novidade no mercado, porque ainda estou cozinhando a notícia, vou só colocar na roda uma informação cabulosa. Pra confundir, não para explicar. Então, no futuro, quando formos contar alguma das brincadeiras aí acima, também teremos que lembrar que no passado as impressoras eram só para imprimir, acreditem ou não os que nasceram antes dessas maravilhas. As daqui pra frente serão também chefes de cozinha, de recursos humanos, mestres-cuca e outras futuras especialidades.
Diria meu saudoso avô, José Rodrigues Santiago, o “Zé Vovô”, quando nos via de cabelos grandes, calças bocas de sino, cantando Beatles, tentando parecer que estávamos mais para Jovem Guarda que para caipiras mineiros:
- Já posso morrer, já vi tudo.
Que ingenuidade: não chegou a ver homem de brinco.