Lição e vida e peconceito

Fui amigo de um sujeito que era um cobrão em Contabilidade e cultura em geral. O interessante é que esse cara só tinha o curso de Técnico em Contabilidade, e só fez esse curso para poder assinar as escritas. Tudo que aprendeu sobre essa matéria, a Contabilidade, ele aprendeu trabalhando num escritório da sua terra. E entrou nesse ramo porque como era muito malandro, igual a mim, o pai dele arrumou esse bico para ele se desviar u pouco da mlandragem. Foi remédio santo, o cara tomou gosto pela profissão. Mas, infelizmente, morreu ainda moço, antes da informática chegar aos escritório de contabilidade, morreu do coração, acho que nem sabia que era cardiopata.

Além de ser bambambã na Contabilidade, tinha o hábito da leitura e fi por intermédio dos livros que adquiriu uma grande cultura. Era também excelente figura humana. mas muito franco e positivo. E detestava tabus e preconceitos.

Nos tempos mais duros do preconceito e dos tabus, finzinho dos anos 50 e começo dos 60, ele já fazia a "escrita" de vários graúdos do lugar. Era de confiança deles. Mas nunca foi subserviente, faziaq o serviço e priu. Um dos ricos do lugar, era um sujeito bonachão e de muito bom humor, completamente diferente dos outros. Era uma espécie de estranho no ninho. Gostava demais de frequentar os "castelos". solteirão se divertia com as chamadas pelas comadres linguarudas de "perdidas". Pois bem, numa das suas visitas a um castelo ele conheceu uma certa mulher e se engraçou (usamos esse termo no sertão) dela e ela dele, veioo chamêgo e do chamêgo chegaram à amigação. Ele montou casa completa para ela na periferia da cidade. Foi aquela grita, da família, dos amigos e das comadres santinhas do pau oco. Não adiantou, ele saiu da casa dos pais e passou a morar com a mulher na periferia. Outra grita. Ele radicalizou: casou na igreja e no civil. Foi um scândalo, um falatório, um chororô da família, mas não adiantou. Mais: passou a morar no centro da cidade. A mulher se tornou uma verdadeira dama, responsável, digna, exemplar, tevedois filhos, enfim, apagou totalmente o passado, que talvez não tevesse tanta mancha, mas, quem sabe, tomara aquela vida por força das circunstâncias. Mas mesmo assimilando o casamento e parando o falatório permaneceu o tabu e o prconceito, essa mulher não era convidada para as festas da sociedade. Ela nem ligava, nem ela nem o marido.

Mas um dia houve um casamento de filhos dos grúdos do local, um casamento com uma festa muito grande. O pai do noivo e o da noiva convidaram esse amgo meu contador para a fsta de casamento, ma festa de porteira aberta, dessas de arromba. Quando estavam no clube, veio até orquestra de fora, esse amigo ficou na mesa principal, e notou que o cara bonachão apareceu sozinho e saiu logo em seguida. Bom, no meio daqela alegria, na mesa grande, o pai da noiva caiu na besteira de perguntar ao contador: - Então, rapaz, grande contabilista, tá faltando alguma fsta na na festa? Ele foi sincero e direto: - Claro que está faltando, talvez algo muito importante. O cara ficou meio perplexo e indagou: - Mas o quê, rapaz? Ele respondeu: - Está faltando a presença de Dona Nair, a mulher mais digna desta cidade. Fez-se silêncio. Mas após o vexame, o pai do noivo que era metido a diplomata tentou explicar o inexplicável: - Veja bem, rapaz, sei que você fez essa observação com a melhor boa intençao e não mentiu, você tem razão. Mas há cisas na tradição que não se explica. Não vamos remexer no passado. Nós estamos errados. Mas é tarde demais para mudarmos as coisas. O contador ainda disse: - Nunca é tarde para se acabar com m preconceito absurdo. Mas aí chamaram para cortar o bolo, algo desse tipo e o assunto foi encerrado. Mas no outro dia estava nas ruas. Todo mundo tomou conhecimento. E o contador e a mulher do bonachão nas graças do povo.

Uns 15 dias depois, o sujeito bonachão se encontrou com o contador e lhe disse que sua esposa mandara convidá-lo para almoçar no domigo. Ele foi, me disse que nunca comeu uma comida como aquela, um manjar dos céus. Antes de se despedir a mulher perguntou a ele porque tinha feito aquela observação, ele respondeu que porque perguntaram e ele gostava de ser sincero. Ela riu e disse: - Meu filho, você tem idade de sr meu filho. O preconceito é muito forte, mesmo morto é um morto-vivo que assombra os outros. Eu su muito feliz sem a compaanhia desse pessoal. eixe isso pra lá, mas muito obrigado. Se um dia você precisar de qualquer coisa me procure.

Ele sempre lembrava esse caso. Um caso verdadeiro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 18/04/2018
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