QUERO SER IMORTAL


Sabe onde estou? Em um campo aberto, coberto de verde qual um tapete... E flores... O orvalho transparente a molhar os pés... As borboletas a voar como pétalas ao vento num planar quase ilusório de cores.

Também estou em uma praia que recebe o bordado espumante das águas do mar, qual taça onde transborda o vinho mais caro. Meus passos na areia morna e úmida... O olhar no horizonte azul... No vôo das gaivotas... Seu planar rasante e angelical...

Fecho os olhos e absorvo a miragem desse sonho. Palavras dançam... Os lábios estão secos de uma sede que me envolve as entranhas. É uma sede que o líquido não saciará. Então paro. Caminho. Subo. Desço. Deixo pegadas.

Quero que meus passos fiquem marcados aqui. Mas meus vestígios são tão frágeis. Então escrevo... Deixo minhas pegadas nas entrelinhas qual tatuagem no corpo. Quero ser imortal. Pretensão... Escalavro os dedos... As palavras são minhas cúmplices. Do pensamento. Da saudade. Das lembranças. E são amargas como fel. Doces como a tangerina. Envolvente como o beijo impregnado de desejo. Do amor urgente.

Já não sei se o campo aberto me liga ao passado ou ao futuro. Mas sei que o passado tem a força das ondas que molham a praia. Repentina. Casual. E o futuro pode me fazer imortal. Eu sinto. Não pergunto... Envolvo-me.
Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 30/08/2007
Reeditado em 09/12/2008
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