Pequenas Alegrias

Não sei, acho que sou mesmo um velho maluco, lelé da cuca, caduco. Digo isso porque não me ligo de jeito nenhum em grandes alegrias. Não persigo os chamados grandes sonhos de consumo e de grandeza. Sou um matuto desconfiado com essas sangrias desatadas por grande alegrias, grandes feitos, grandes projetos. Jogo, mas nunca pensei que pudesse acertar a megasena, nunca também passou pela minha cabeça me tornar um bambambã, pussuir bens, riqueza, mando. Nem tampouco cheguei a cogitar, como os santinhos do pau oco, em ser santo. Sou um pobre pecador.

A mim sempre me bastaram as pequenas alegrias. As alegrias miúdas. Viver e deixar os outros viverem. Comer a minha comidinha caseira, bater o meu papo costumeiro, ouvir as minhas músicas preferidas, ler meus livros, fazer um esforço e dar uma caminhada, sentar num banco de praça e ficar assuntando a maçaranduba do tempo, vendo as crianças brincando e rindo, as pessoas do povo atualizando os boatos, respirar o ar puro, olhar para o céu azul (quando nao está chovendo) e, à noite, tambpem quando nao chove, olhar para as estrelas e para a lua. Mas também curtir a chuva, acho lindo a chuva. Sou dos sertão. Sem esquecer de amar, amar muito, exagerar no amor, na ternura, no carinho, partilhar o amor, dar e receber, mas sem calcular. E, acima de tudo, saber envelhecer sem envilecer, sem azedar, sem virar vinagre.

Não, não sonho grande não, nunca sonhei. Grande sósonho coletivo: um mundo justo, um mundo de paz, um mundo sem violência, um país onde nao houvesse explorados e enem exploradores,, humilhados nem ofendidos. Um país - ou um mundo - onde a riqueza fosse distribuída com equidade, onde ningupemprecisaria ser rico, apenas ter o suficiente para viver com dignidade.

Sou um homem de pequenas alegrias, alguémque mesmo sem ser celebridade, rico, bonito e elegante, que sendo apenas um homem comum, um homem do povo, teima em nao ter mdo de ser feliz. Inté.