A RESILIÊNCIA DE UM GÊNIO
E então, como tem sido seu dia? E sua vida tem tomado o rumo que você pretendia? Muitas vezes essas indagações têm sido respondidas por um sonoro ou envergonhado “não” e podemos atribuir isso ao fato de que muitas vezes não enxergamos as reais oportunidades que batem a nossa porta, focando apenas nos caminhos que havíamos sonhado e planejado com tanto empenho e um bocado de ingenuidade.
Por conta desse descontentamento declarado passou-se a falar mais sobre a resiliência, palavrinha essa que define nossa capacidade de sobreviver às adversidades que a vida nos impõe e ir além delas para conquistar nossos objetivos. Porém, comumente fazemos cara feia a essa oportunidade, acabando por desistir do nosso caminho e, o pior de tudo, nos amargurando e deixando de lutar e acreditar. O irônico de tudo isso é que é justamente nela que está o melhor aprendizado para a nossa vida, é dela que vem nossa real capacidade de aproveitar não só a chegada aos nossos objetivos, mas principalmente o caminho percorrido, a nossa estrada.
Essa capacidade de superar adversidades, de tirar o melhor proveito daquilo que vem até você, de fazer limonada com o limão e de realizar o milagre da beleza de adoçar a vida, não é mesmo tarefa muita fácil, exige um bocado de paciência e perseverança, mas acima de tudo muito conhecimento sobre nós mesmos e o nosso real potencial. Se não nos reconhecermos de verdade e se não estivermos alicerçados em nossas capacidades, a resiliência não tem campo muito fértil para agir e tudo acaba se tornando mero conformismo da derrota. Agora, se formos capazes de reconhecer nossos pontos fortes, nossa vocação e paralelamente a isso aceitarmos as adversidades que advém desse trajeto inevitável, aí sim teremos uma surpreendente equação da vida.
Um exemplo que sempre me lembra do valor positivo da resiliência é a do físico britânico Stephen Hawking que, ao reconhecer sua reais habilidades, foi capaz de superar as adversidades infinitas que a resiliência lhe exigiu. Diagnosticado ainda muito jovem com uma doença extremamente limitante fisicamente, soube levar sua mente para lugares que seu corpo jamais iria mesmo se não estivesse adoentado. Ele foi capaz de transpor sua capacidade perceptiva para além do que qualquer físico genial faria.
E aí me peguei perguntando: O que ele seria capaz de realizar caso não tivesse que lhe dar com tamanha resiliência e com toda essa restrição física. Teria feito mais?
Particularmente, acredito que a maior parte da sua percepção aguçada não seu deu apesar da sua limitação, mas justamente por causa dela. Essa pausa forçada e abrupta o fez desacelerar para muitas outras coisas triviais da vida, situações que temos que lhe dar diariamente para sobreviver e participar da sociedade mas que muitas vezes são dispensáveis para a inspiração, para imaginar o que ninguém ainda imaginou. Então, este homem que não se distraiu pelo caminho, pôde enxergar o mundo a sua volta de forma apaixonada, mas serena, profunda e diferenciada e por isso transpôs qualquer fronteira a ele imposta.
Ao reconhecer e aceitar essa condição, esse homem de olhar meigo e brincalhão utilizou seu conhecimento exato e físico em um dos sentidos mais inexatos da vida, a percepção, nossa capacidade de ver o que não é visível, de aceitar o inaceitável. E dessa forma ele foi capaz de focar sua energia no que realmente estava ao seu alcance fazer, que era observar para além do que os olhos eram capazes de ver, obtendo o maior proveito possível dessa piscadela que é nossa jornada nesse universo.