Minha avó paterna Augusta, filha de Puri

Minha vó paterna de nome Augusta, era filha de índio da tribo Puri com negro e nasceu nas matas, na região do Estado do Espírito Santo, mestiça, negra e índia. Conheceu a cultura do seu povo...

Não sabemos bem a história, se ela cresceu nas tribos, dizem que foi pega a laço... acredito ser uma brincadeira pois, era muito braba.

Rústica mas de bom coração.

E veio viver na roça no interor ainda do Espírito Santo e conheceu meu avô por nome Rosário, que era descentende de português .

Casaram-se e tiveram oito filhos, com a mistura de raças, ela negra e Índia e meu avô branco europeu dos olhos azuis feito duas continhas de tão azuis.

Nasceram filhos: brancos de olhos claros, mulatos e negros. Mas todos tinham a impressionante aparência, mesmo com portes diferentes.

Mas Dona Augusta também era muito justa e com seu jeito peculiar de ser, era respeitada por todos.

Era conhecida como a benzedeira do lugar onde morava.

Benzia com um galhinho verde de planta, curava doentes, cobreiros, espinhela caída e quebranto. E com sua sabedoria das plantas medicinais, fazia chás, unguentos, etc. E ajudava o povo de seu lugarejo.

Viviam numa fazenda, como colonos, onde trabalhavam na roça de sol a sol, vida difícil... com tantas bocas pra sustentarem.

Passou por muitos infortúnios e fome.

Quando não tinha nada para dar os filhos de comer, cozinhava bananas verdes , hoje conhecida como a biomassa alimento nutritivo, rico em vitaminas e fibras e excelente para aumentar a imunidade do organismo. Seu conhecimento da terra, das matas, que os salvaram da fome e de doenças, mas mesmo assim perdeu um filho para tuberculose.

Mas, seus filhos foram todos homens e mulheres de bem, não tiveram muita oportunidade de estudarem, mas a vida foi a grande escola e tornaram-se pessoas idôneas e bom caráter.

Vieram depois toda a família para o Rio de janeiro.

Dizem que era muito católica "Filha de Maria" (grupo de mulheres da igreja).

Tinha algumas características peculiares, seus cabelos eram bem crespos mas a nuca o cabelo era completamente liso;

Não comia carne vermelha.

Minha avó tinha suas crenças e toda criança que nascia apresentava e pedia a bênção da lua.

Dizem que era boa pra contar histórias, começava a falar e durante o relato fazia toda a encenação em mínimos detalhes.

Um verdadeiro teatro.

Era seu lado engraçado e cômico.

Não cheguei a conhecê-la, que pena, morreu quando eu ainda era bem pequena.

Mas tive o privilégio de ser apresentada e abençoada pela Lua, por essa mulher, na qual me pegou em suas mãos e me elevou na direção da Lua cheia.

Ritual sagrado de seu povo.

Que para ela e seu povo indígena PURI, a lua era uma deusa sagrada.

No ritual repetia essas palavras feito um mantra:

"Lua luar toma essa criança e me ajuda a criar "

Entre essas e outras coisas, a índia negra, benzedeira viveu por muitos anos.

By Claudia Florindo Corrêa

19/03/18

Claudia Florindo Corrêa
Enviado por Claudia Florindo Corrêa em 04/04/2018
Reeditado em 10/04/2018
Código do texto: T6299567
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