MORTE SOCIAL
Morte social
Nesta semana de consciência do autismo, onde o grito é velado e se estende a muitos, faço das minhas as palavras daqueles que também estão em barcos semelhantes e usam remos desproporcionais a remar na contra corrente do fluxo do rio da vida.
Morte social, você existe, as pessoas te veem, mas você não está em nenhuma agenda. Fica invisível, a impressão é que fora retirado o brilho do espelho. É uma sentença sem crime onde a cela não tem cadeado e quase sempre dependemos da ajuda do outro para abrir as portas da nossa prisão, pois a questão não é a prisão em si, mas o peso da porta. Uma porta tão espessa que inútil é a força física para movê-la.
Ficamos presos em um mundo de fronteiras sociais onde a regra sobrepõe á exceção. Por vezes batemos a grade das nossas forças com canecas de borracha e o máximo que fazemos são barulhos chochos que alcançam apenas um minguado de ouvidos sensíveis.
São semanas de trinta dias onde os sábados e os domingos são sequestrados por conta de um indulto que não existe.
São 3:34 da madrugada, para eu e muitos que fazem parte do meu mundo, é apenas mais um noite. Enquanto escrevo esse texto e espero minha filha dormir, hesito descrente em ministrar mais um remédio (não há remédio), minha mulher dorme sob o efeito dos dela e eu espero o dia amanhecer para tomar o meu.
E assim, como um “super-herói”, (neste caso o homem invisível), com minhas armas de brinquedo aguardo mais um dia de luta desigual, onde as armas da consciência do mundo podem fazer a diferença em destruir e reparar. Simples assim.