Político caçador de ticacas

Sempre fui um cara firme nas minhas convicções. Nunca, nunca mesmo, como dizemos na minha Região, caguei na bota ou "tuchelei". Juro.

Por conta d fidelidade às idéias e também porque nunca me submeti à ditadura das linhs partidárias de nenhum lado político, fiz desafetos tanto de um lado como de outro, tanto da direita, como do centro e da esquerda. Explico: os xiitas da direita me detestavam porque me consideravam "perigoso", uma besteira porque nunca ofendi sequer um pinto, nunca organizei nada e nem comandei nada. Os da esquerda me faziam restrições porque eu me dava bem com graúdos da tal "reação" (usavam esse termo), o que consideravam falta grave, desvo de conduta, conivência com a direita. Uns tabacudos que não entendiam - ainda nao entendem - que a amaizade pessoal transcende idéias, ideologias e até crenças.

Assim, era comum aparecer na minha casa gente dos dois lados da política, inclusive no mesmo horário. Alguns eram vereadores que me pediam para fazer requerimentos, projetos, títulos de cidadão e o escambau. Eu possuia um manual do vereador que um sijeito do Rio me deu, aí adpatava tudo. Fazia mais: bolava os discursos dos candidatos para o guia eleitoral do rádio, slogans, chamentos, propoganda, dos dois lados. Chegaba, não riam, a combinar com adversários o que um i dizer do outro. MNunca ganhei nada com isso, fazia por amizade e ria, ria paca do que fazia. Mas procurava fazer tudo nos trinques.

Tem mais: nao raro os caras apareciam no banco que eu trabalhava, na hora do expediente, quando queriam um requerimento ou outro "trabalho" urgente. O gerene ficava puto, mas não dava um pio, porque quem ia ao banco eram políticos influentes. Certa feita ele me pediu para falar com os caras, mas eu que nessa época era muito gozador disse a ele que faria isso mas teria que dizer o motivo e diria que foi o gerente do banco que estava incomodado com a visiyta deles. O cara desistiu, amarelou, pediu por tudo no mundo pra que eu esquecess o assunto. Quando os caras chegava ele mandava servir cafezinho e agua mineral.

Lembro que certa fez no mesmo horário chegaram no banco para falar comigo o deputado estadual comunista Byron Sarinho e o deputado da dreita Zé Mendonça. Os dois se dava muito bem, passamos mais de uma hora batendo papo. Detalhe: Byron eu conhecia de velhos carnavais, antes, muito antes dele ser deputado. E Mendonção, o pai desse ministreco da educação, eu conhecia desde o tempo que ele era apenas funcionário da Moura de Belo Jardim. Os dis se projetaram, mas eu não, contineui sendo apenas um político caçador de ticacas, condição que nunca me arrependi.

No mais, política anao tem nada a ver com amizade. uro. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/03/2018
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