Uma carta para mim. Num futuro. Se me deres às mãos, eu sigo em frente!
Uma carta para mim. num futuro. Se me deres às mãos, eu sigo em frente!
Se me deres às mãos, eu sigo em frente.
Sem medos dos outros e sem medo do espelho.
Escrevo para a mulher que existirá se Deus quiser daqui à quarenta anos.
Isto aqui é uma carta. Um desabafo. Um medo, um receio, uma previsão, uma indagação de uma outra mulher (a que escreve agora em março de 2018 nos seus exatos 34 anos de vida.
Em março de 2018 estamos vivendo um mundo pela minha ótica estranho, desajustado, desequilibrado, desigual, acelerado, desumano, onde a estupidez, a torpe ganância, a guerra de podres poderes, tudo junto batido num liquidificador e colocado num copo viram veneno diário oferecido nos telejornais, nas manchetes de jornais, nos sites, blogs e esquinas virtuais.
Há uma guerra interminável na Síria ocorre um genocídio sem limites, o mundo está em guerra! Em nosso Rio de Janeiro há uma intervenção militar. Civis e militares morrendo pelas ruas do nosso Rio que não é mais o da garota de Ipanema e sim o protagonista das balas de chumbo trocadas nos morros.
Em Fortaleza chacinas graves.
Que é isto meu Brasil? Que é isto nosso mundo? E nossos jovens? Nossas crianças? Crescendo sem acesso à educação, cultura, qualificação de ensino adequados, sem acesso à alimentação adequada, sem teto, casa, lar, família, roupas, calçados, produtos de higiene pessoal, este jovens estão jogados em qualquer canto das grandes cidades ou dos nossos pequenos centros, é uma bagunça. a vida tornou-se uma bagunça!
A situação está fugindo ao nosso controle. A situação está caminhando para um caminho tortuoso e inimaginável. Há dez anos atrás o nosso Brasil era considerado o país do futuro! Hoje questionamos como chegar ao futuro? A guerra é de foices na escuridão. E o Brasil está envelhecendo! Os jovens de agora serão idosos saudáveis e felizes amanhã? Os jovens de hoje estão morrendo! e os que ficarem irão envelhecer. Qual qualidade de vida eu terei como idosa? Serei dependente? Independente? Quem cuidará de mim? Meus filhos (que ainda não existem)? Profissionais especialistas em cuidar de idosos (cuidadores)? Estou no meio da linha. A linha da vida. Já estive muito na borda da linha! Mas, hoje me vejo no meio da linha. E um trem desgovernado ou não virá de qualquer forma. Virá e eu verei que tudo é mera banalidade, tudo tem início, meio e final. E eu estou no meio! Observando. Observando todo o quadro desta tragédia nacional e das tragédias internacionais também. Andréa, neste momento ao ler esta carta você dirá: Como eu era dramática aos 34 anos de idade. Sem compreender que muito haveria de se viver ou talvez não.
Porquê o destino é mais que imprevisível. O destino une e separa. O destino arma e desarma. O destino brinca conosco sempre! Vida, destino, trem, janela e morte. Este espetáculo que é a vida. Este medo do trem da morte. e assombrada te digo Andréa. Viva sempre o hoje. O agora. O sempre hoje. O sempre agora. Amanhã pode ser tarde demais ou cedo demais.
Quando acordar e as janelas estiverem fechadas faça o favor de abrir todas as janelas de casa. Todas! Abra um sorriso também. Pense e diga para você bem alto se olhando no espelho: Eu sou linda. Eu continuo linda. Eu continuo me amando, me adorando, me desejando, me satisfazendo em ser quem eu sou de verdade.
E eu me transformei numa bela e inesquecível mulher. E eu sou justamente o que eu muito queria ser há décadas e hoje sou de verdade: Feliz! Diga, Andréa! Grite Andréa. Cante, Andréa. Sorria, Andréa!
Lembre da força da sua mãe, da garra da sua mãe, do amor de sua mãe, lembre de como a existência de vocês transformou um pouquinho este universo que você vive nele agora.
Lembre dos amigos leais e verdadeiros que ficaram ao seu lado nos melhores e piores momentos da sua vida. Permita-se lembrar só dos momentos bons. Lembre um por um, cada momento positivo e sorria: Andréa. "Seu sorriso continua como o de uma criança." Disse-lhe um certo brasiliense. E tantas e muitas pessoas lhe disseram tantas coisas positivas, por tanto não esmoreça ao ver ou ouvir algo negativo sobre qualquer coisa que seja ou sobre quem quer que seja. Não permita que a depressão seja maior que VOCÊ! Permita-se continuar amando à VOCÊ sempre em primeiro plano. Depois à família. Depois os amigos. Não necessariamente nesta ordem... Porquê os amigos no futuro podem ser a sua grande família.
Dance, dance na vida, mas bailando sempre. Ame, sorria, cante e dance. E sempre, sempre mesmo, bastante, muito... Escreva!!!!
E não sofra nem tente modificar as pessoas. Elas não mudarão por você. Se mudarem... A transformação ocorrerá por única e exclusiva vontade delas e não da sua vontade. Certo?
Despeço-me aguardando mais outras cartas da sua tão intensa juventude para a sua esperada maturidade. Grande abraço, longo, apertado. Sua jovem amiga: a Andréa dos 34 anos.
Andréa Ermelin
12 de março de 2018.
Salvador-BA/Brasil
às 23:37h
Segunda-feira
Dia do Bibliotecário(a)!