Poesia X Desalento

Confesso que éstou triste paca com o nosso país. Motivo: o conformismo das pessoas. Há um desalento quase geral. Como se estivessem prestes a entregar os pontos. Admito que há alguns focos de resistência, mas pontuais. A maioria das pessoas está de cabeça baixa, desiludida, alheia, aturdida, desnorteada e pessimista. Não há nenhum indício de revolta de verdade. Só há amargura. Só festas animam o povo porque alienam e fzem com que fujam da realidade. É num contexto desses que o fascismo floresce,´ele se nutre da apatia do povo, do seu desengano.

Mas, mesmo assim, é preciso resistir, ter fé, esperança, não esmorecer. Mais: é preciso juntar esforços, somar, relevar diferenças, supoerar idiossincrasias, tentar construir uma frente democrática e popular, uma frente ampla para evitar o fascismo e a ditadura do capitalismo selvagem que quer transformar o país numa colônia dos países ricos.

Sempre que estou jururu (termo que usamos no sertão para quem está de astrala baixo), eu leio os grandes poetas, é remédio santo para vencer o desalento. Acabei de ler vários poemas do grande Thiago de Mello, e um deles em particular retemperou iminhas forças, "Mpormaço de Primavera". Vou transcrevê-lo:

"Entre chuva e chuva, o mormaço./ A luz que nos entrega o dia/ não dá ainda para distinguir/ o sujo do encardido,/ o fugaz, do provisório./ A própria luz é molhada./ De tão baça, nao me deixa/ sequer enxergar o fundo/ dos olhos claros da mulher amada./ / Mas é com esta luz mesmo,/ difusa e dolorida,/ que é preciso encontar as cores certas/ para poder trabalhar a primavera".

Agora vou me aquietar numa poltrana velha e continuar a ler um romance, convicto que a pesia faz bem a alma. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/03/2018
Código do texto: T6270828
Classificação de conteúdo: seguro