O CASCÁVEL

A serpente, em sentido figurado, significa um ser que vem da profundeza da velha Mãe Terra, sendo a manifestação simbólica do inconsciente coletivo”, (José Odair da Silva, historiador).

Bicho peçonhento perigoso, picada terrível, que pode ser mortal. Habita os cerrados e as áreas desérticas do país. Pelo poder de seu veneno é odiado e respeitado por toda gente da zonal rural.

De imediato, vem a pergunta daqueles que acreditam em um ser superior: -Por que será, que tal criatura tem a permissão do criador para continuar convivendo com resto da criação? A lógica nos remete para uma reflexão insofismável, na natureza nada é criado em vão. Todas as coisas e tudo que acontece tem um significado. “não cai uma folha de uma árvore sem permissão do criador”, como bem relata o Alcorão.

Assim como, violência, corrupção e perseguição política são fatos observados na história humana e permitidos por Deus. No final, boas ações e até desatinos resultarão em evolução para raça humana. Todavia, advertiu o grande mestre dos cristãos: “Ai do mundo por causa dos escândalos, pois é necessário que venham escândalos; mas, ai do homem por quem o escândalo venha." (S. MATEUS, cap. XVIII).

Todo o sofrimento humano resulta em crescimento próprio. Todavia, não precisaria ser assim, já que o entendimento, solidariedade e principalmente, o amor contenham por si só, a solução para maioria de nossos problemas. A visão destituída de vícios e preconceitos levaria inevitavelmente a certeza que todos somos irmãos, independente da condição social, ideologias ou credos religiosos.

Infelizmente, pela nossa pouca capacidade de percepção, estamos sujeitos a toda sorte de impropérios e ilicitudes, daí somos obrigados a padecer por conta de nossa insensatez. Logo, o risco de encontrar em nosso caminho uma cobra peçonhenta capaz de aumentar nossa angústia é uma possibilidade que temos ainda que enfrentar, até que o bálsamo do entendimento paire sobre todos nós.

Como exemplo de disparidades entre os seres humanos, observa-se entre outros problemas, uma desproporção muito grande na distribuição dos bens humanos: poucos com muito e a grande maioria com quase nada. Realidade vergonhosa, desumana, perversa e insustentável. Felizmente, como tudo no universo, o equilíbrio é uma tendência inevitável.

Oxalá, a mudança ocorra sem maiores traumas e sem grandes sacrifícios. Até lá, somos impelidos a conviver com esses bichos peçonhentos e outras pragas. Todas essas adversidades são colocadas pela divina providência para “amolecer o coração do ser humano”. Desgraçadamente, como diz a Bíblia não há como separar “o joio do trigo”, só na colheita isso é possível. Até lá, a expiação é coletiva, não tem como evitar.

Vivemos no país um momento crítico e ao mesmo tempo, muito importante. Temos que nos posicionar ao lado daqueles que realmente querem o melhor para o nosso povo, não podemos simplesmente fazer como Pilatos na crucificação de Jesus Cristo, “lavando as mãos”, ou se posicionando de um lado contrário as grandes transformações pretendidas.

A propósito, a figura metafórica do CASCAVEL não é de toda fiel. Pois, tal bicho vive solitário, só ataca quando perturbado, logo tem muita gente pior solta por aí...! A ideia foi imaginar algo que inspirasse bastante terror, tão ou maior do que a horripilante cobra. Uma figura tenebrosa, que infelizmente habita o recôndito mais obscuro do ser humano, sendo muitos completamente dominados por essa força maléfica que teima em retardar a evolução humana!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 03/03/2018
Reeditado em 18/03/2018
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