Promessa e Macumba

Como já afirmei diversas vezes fui, pasmem, bancário por mais de 30 anos. Não, nunca tive vocação para essa digna profissão, mas a necessidade, como dizem os chineses, é a mãe das invenções. O danado que me saí bem porque passei todo esse tempo lotado no setor rural, era quem toava propostas, fazia projetos, anailisava pleitos, dava uma mãozinha na contratação, enfim, a miha pria era o setor rural.E faziaa meu trabalho com satisfação porque sempre gostei - ainda gosto - do povo do campo.

Bom, como encarregado de tomar as propostas e fazer os projetos eu ficava em contato permanente com o povo dos sítios. Aprendi tudo sobre o homem do campo. Logo aprendi que eles não gostam de falar as suas coisas na vista de muita gente, por isso coloquei o meu birô, o setor ficava na parte duperior do prédio, afastado dos demais. Ali passava horas conversando e elaborando as propostas e projetos desse pessoal. E ouvindo as suas histórias. Botei também em cima do birô um radinho de pilha ligado bem baixinho na rádio local, além de um pograma musical das manhãs, havia a leitura do comentário do meio-dia que eu escrevia e gostava de ouvi-lo na voz de um locuot muito amigo meu. Vários colegas e clientes na hora se acercavam do meu birô para ouvir, eu ficava bestinha.

Pero, comodiria o hermano Aragón quando se recorda da Espanha, apareceu um novo chefe de serviços na agência, um cara muito amostrado, não tinha nada a ver com o meu trabalho, mas gostava de se meter em tudo. Começou fazendo uma revolução, mudando estantes, birôs, até o balcão de atendimento, dizia que era preciso refazer um tal layout (imaginem o apelido que ganhou). Bom, depois do andar que funcionava o setor dele, ele subiu para o setor rural. Mexeu elguns birôs e então chegou no meu, eu estava atendendo um cidadão de Poção, cidade vizinha a Pesqueira, a chamsada Terra da Renascença. Ele nem pediu iicença, foi logo dizendo: - Colega, seu birô está muito afastado dos outros, estou reformando o layout e é preciso mudá-lo, primeiro atendio cliente, bem devagarinho e ele em pé puto da vida. Depois que o cliente saiu, eu á sabia da ficha dele dada por colega de outra agência, olhei nos olhos dele e disse: - Você pode mexer nos birôs das suas nêgas, mas nesse aqui você não mexe de eito nenhum, vá tratar do seu setor. Ele ficou meio atordoado e deu uma de educado dizendo que respeitava minha decisão mas se eu nao me imprtaba de dizer o motivo. Não aleguei o motivo veerdadeiro, ouvir com privacidade os clientes, mas disse a ele que era promessa, que coloquei o birô afastado devido a uma promessa. O cara mudou de vez, começou a me pdir desculpas e etc e coisa e tal. Eusbia que ele além de covarde era muito catolicão, e que era ddo a fzer promessas.

Bom, uns 15 dias depois esse sujeito cismou com uma velha que fornecia o café, eram duas garrafas bem cedo e duas à tarde, no hprario da horas-extras. Essa velha hpa anos fornecia o café, nao era essas coisas, mas todos tomávamos até a última gota. Esse bico era que ajudava ela a sobreviver, tinha um barzinho perto do banco e nos diaws de quarta-feira, dia da feira na cidade ele fornecia almoços para o pessoal do campo. Nesses dias eu almoçava lá. Motivo: o picadinho de fígado ou o bife de fígado acebolado. Era arretado, saía lambendo os beiços, ainda tomava, claro, uma lapadas de Pitu. Mas o cara chato resolveu, ele camou de rescindir o fornecimento, até já havia acertado com umaoutra pessoa o forncimento do café. Mas alguem disse a ele que a velha era minha amiga de longa data. Então ele subiu até o setor rural e me informou da sua decisão e me perguntpou se eu tinha alguma coisa contra. Olhei para o sujeito e disse sério olhando dentro dos olhos dele: - Cabra velho, não tenho nada contra, mas se eu você você nao fazia isso, pro seu próprio bem... Ele interroupeu e meio irritado perguntou o motivo. Fui ao ponto: - Olhe, essa velha lida com macumba, acerta onze das dez que faz. A decisão é sua. O cara começou a suar e disse que ela não poda fazer o trabalho porque não saberia que fora ele quem cortou o café. Resolvi ser mais claro: - Como não vai saber se eu vou dizer a ela, é você cortar e eu digo a ela. O cara abriu da parada, disse que eu não dissesse a ela nem que ele projetara o corte.

Na quarta-feira comendo o picadinho e tomando uma lapadinhas conti tudo a velha. Ela riu tanto que engasgou, mas perguntou como é que eu sabia que o sujeito tinha medo de macumba. Expliquei que evantara a ficha dele com um colega de outra agência. A velha continuou rindo e dizendo: - Só você pra inventar que eu sou macumbeira, eu tenho um medo danado disso, você é um doido, mas de hoje por diante come e bebe de graça aqui. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/02/2018
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