TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Fazer uma tempestade num copo d’água. A mídia é dada a isso, principalmente através de manchetes sensacionalistas. TV e cinema também costumam fazer sensacionalismos, de tal maneira que o público se sinta atraído. O governo também. Cria obstáculos, propositadamente de caráter burocrático protelatório, em situações de solução simples. A propaganda partidária, idem. Ao deixar o ouvinte encantoado, o partido político apresenta-se como quem amaina a tempestade por encanto. Quando, na verdade, as ideias inteligentes são simples. Faz-se uso de retórica, no sentido de discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo. As verdadeiras tragédias, como uma cratera em plena rodovia, são minimizadas, atribuídas às chuvas, ao projeto de duplicação que está sendo elaborado... Além disso, é feita manutenção periódica. Sempre o mesmo discurso. Para altos salários e benesses a mancheias sempre há verba.

Há várias versões para a origem da expressão “fazer tempestade em copo d’água”. De qualquer maneira, cabe a explicação do protagonista de Grande Sertão : Veredas. Na prática, pode-se entender transformar banalidades em tragédias. “O senhor deve de ficar prevenido: esse povo diverte por demais com a baboseira, dum traque de jumento formam tufão de ventania. Por gosto de rebuliço.” Palavras de Riobaldo.

Muito barulho por nada. A novela jurídica pela nomeação de uma ministra move céus e terra e revela a preocupação do governo em costurar acordos políticos em busca de aliados. E não é caso único. E o povo?... Para o povo, a solução seria simples. Simplesmente botar no cargo outra pessoa sobre a qual não pairassem questionamentos. Mas tá difícil... O campo está todo minado. Nossas autoridades fazem tempestade em copa d’água com questões prosaicas e renitentes. O povo é que leva a pior debaixo de fortes tempestades, em ambos os sentidos: real e figurado. O que fizeram do nosso país! Uma esperança malograda? Será?

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 19/02/2018
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